segunda-feira, 31 de outubro de 2011

#diaD


Consolo na praia

Vamos, não chores.
A infância está perdida.
A mocidade está perdida.
Mas a vida não se perdeu.


O primeiro amor passou.
O segundo amor passou.
O terceiro amor passou.
Mas o coração continua.


Perdeste o melhor amigo.
Não tentaste qualquer viagem.
Não possuis carro, navio, terra.
Mas tens um cão.


Algumas palavras duras,
em voz mansa, te golpearam.
Nunca, nunca cicatrizam.
Mas, e o humour?


A injustiça não se resolve.
À sombra do mundo errado
murmuraste um protesto tímido.
Mas virão outros.


Tudo somado, devias
precipitar-te, de vez, nas águas.
Estás nu na areia, no vento...
Dorme, meu filho



***
Difícil escolher, mas acho que esse é o meu preferido do Drummond.

***
Trilha Sonora: The Only Exception - Paramore. Eu também ouço musiquinha de adolescente de vez em quando, sim, e daí?

#diaD

Os ombros suportam o mundo

Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.

Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se,
mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.

Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
Teus ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida prossegue
e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo,
prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.




***
Trilha Sonora: Flores Astrais - Secos e Molhados.

sábado, 29 de outubro de 2011

Ela faz rock

Eu conheço uma rockeira. Ainda não tive o prazer de conhecer pessoalmente, mas um dia ainda vou.
O motivo desse post é tentar fazê-la sorrir, mesmo que por alguns poucos minutinhos.
Quero dizer que a admiro. Pela voz linda, pelo talento musical, pela beleza, pela simpatia, pela cor sempre diferente dos cabelos, pelo senso de humor, pela inteligência, pelo talento para escrever, pela coragem de tentar viver do que gosta e sabe fazer bem: o rock.
Sempre que me perguntam qual é o meu dom, eu não sei o que responder.  A única coisa que eu sei fazer bem o suficiente para ensinar e encantar outras pessoas é, acreditem, origami de estrela.
Não sei dançar direito, não sei cantar bem, não sei atuar, não sei cozinhar, não sei pintar, não sei fazer nada que possa me render algum dinheiro em troca do meu talento.
Ela sabe. E isso é lindo, porque não vejo nada mais importante na vida do que trabalhar com o que você gosta e gostar do seu trabalho exatamente porque é o que você sabe fazer de melhor.
Nos finais de semana, ela vai tocar numa praça que tem lá onde ela mora. Esse é o trabalho dela e se eu morasse por lá, iria todo final de semana visitá-la no "escritório" dela. É daí que ela tira o sustento dela ou a maior parte dele, pelo que eu entendi. E não é fácil porque quem está trabalhando na rua inevitavelmente está exposto ao humor alheio que pode ser bom ou não, está exposto à sensibilidade alheia que pode existir ou não, está exposto à educação alheia que pode ser da melhor ou pior.
Nesses últimos dias ela teve problemas por causa do preconceito dessas pessoas que não têm educação, não têm senso de humor, não têm sensibilidade e, mais do que tudo, não têm inteligência, porque o preconceito é resultado da burrice.
Sei que ela está lendo este post e sabe que é para ela, então:
Espero, de verdade, que toda essa maré de sorte ruim passe logo, que você não desanime do seu rock e que ele traga logo toda a fama que você merece (e o cachê em dólares e euros, claro). Se até a fama chegar, você precisar encarar outros caminhos para garantir a ração dos filhotes, aceite e continue dando o seu melhor. Só não deixe de lado a sua alegria tão cheia de cores.
Logo, logo, tenho certeza que sua música chegará a lugares que você nem sabe que existem no mapa e você fará o sucesso que merece e tem potencial para fazer.
Não desanime.
=)

***
Achei melhor não usar nome e links que a identificassem, por uma questão de privacidade que ela talvez queira neste momento, mas se ela autorizar, depois eu coloco nomes, links, fotos e faço a divulgação que ela merece.

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Trilha Sonora: TV ligada, mas a música da moça dos cabelos roxos tocando na minha cabeça enquanto eu escrevia.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

O que a maturidade traz

Essa frase é um baita lugar-comum, mais manjada do que não sei o quê, mas é uma coisa que, cedo ou tarde, você acaba comprovando que faz sentido.
Quando você ama uma pessoa, você ama tanto que tem medo de perder, medo que a roubem de você, medo que ela vá comprar cigarros e não volte mais, medo que ela acorde num domingo qualquer e se dê conta que simplesmente deixou de te amar.
Deve acontecer com a maioria das pessoas durante o começo de um relacionamento que dá tão certo e, principalmente, após uma série de relacionamentos que não deram tão certo.
Quando você encontra aquela pessoa que te completa, que o beijo encaixa, que os perfumes combinam quando se misturam, que o abraço "fecha" direitinho, que o cafuné faz arrepiar até os pelinhos da sobrancelha, que as mãos parecem ter sido projetadas para não se soltarem mais... Quando você encontra A pessoa, toda a sua vida se divide em antes e depois dela. É incrível, é lindo, é gostoso, é... É assustador.
Você tem medo de coisas que talvez nunca cheguem a acontecer, mas quando a gente tem medo... bem, a gente tem medo e ponto final.
Aí você pega a pessoa pelo braço e a arrasta até uma caixinha de madeira com chave sem cópia. Tranca-a lá dentro e de hora em hora dá uma cutucada para ter certeza que ela continua lá, fechadinha na sua caixa.
Acontece que tudo que é vivo precisa respirar para continuar vivendo. Então a sua pessoa especial tem duas opções: se for um pouco esperta, vai armar um belo plano e fugir da caixa num momento de distração sua ou vai acabar morrendo lá dentro, sem ar.
E você? De um jeito ou de outro, você vai acabar se fodendo porque quem foge de um lugar é porque não tem intenção de voltar e muito menos teve vontade de ficar onde estava. E quem morre... Morreu.
Daí você faz isso de prender pessoas especiais algumas vezes durante a sua vida, porque graças a Deus, não temos apenas uma chance de amar e encontrar A pessoa. 
Até que um dia, em uma dessas chances dadas por Deus, pela vida, por Alá, pelo destino ou seja lá o que for que controla (ou não) nossos caminhos; você encontra uma nova pessoa especial e vem a vontade de prendê-la também na sua caixinha. 
Mas você já fez isso outras vezes e nunca deu certo, então que tal tentar algo novo? Que tal experimentar decorar a sua caixinha com belos tapetes e almofadas, TV a cabo, Wi-Fi, cama macia e boa comida, mas desta vez deixar a tampa aberta, sem chave nenhuma? Heim? Ensine o caminho, mostre que é legal morar ali, mas não a obrigue a viver naquele cárcere privado. Deixe claro que na sua caixa também se aplica o direito constitucional de ir e vir e deixe-a livre.
Acredite, e digo por experiência própria, quando a caixinha que você oferece é realmente boa de se viver, a sua pessoa vai voltar pra lá caso resolva sair um pouco para respirar e talvez nem saia para respirar porque, se a tampa estiver aberta, ela terá sempre o ar puro para inspirar e expirar o quanto quiser, sem limites, como deve ser o amor. 

Imagens do We Heart It.


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Não confunda direito de ir e vir com o direito de trair a torto e a direito e nem com aquele termina e volta sem fim, que tudo isso chega uma hora que vira palhaçada. Ou melhor: pra mim isso é palhaçada de qualquer jeito.
E, um recado ao Sr. Namorado, que eu sei que vai ler e encher a cabeça de perguntas que ele sabe que eu não gosto de responder: a caixinha que você me deu agora, no namoro nº 2, é a melhor caixinha que já existiu nesse mundo: confortável, segura, arejada, bem decorada, espaçosa e muito especial. Precisei sair da caixinha antes, no namoro nº 1, para que você pudesse fazer uma reforma nela e me receber de volta. Agora eu não saio mais. Mas deixe a tampa aberta para eu ver o céu com você.
Te amo!

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Trilha Sonora:

terça-feira, 11 de outubro de 2011

O último do dia

Hoje é (pelos próximos vinte minutos ainda) aniversário do Sr. Namorado.
23 anos de uma vida que não foi fácil, que teve altos e baixos, mas que agora está entrando nos eixos.
Sr. Namorado é novinho ainda, mas isso é só a certidão de nascimento e a carinha dele quando está sem barba que dizem. Quem tem a sorte de conhecer e conviver com ele, sabe que ele é muito mais adulto do que um cara de 23 anos.
A vida o obrigou a crescer e se virar sozinho em momentos que ele deveria estar acompanhado de pessoas que tinham que pegá-lo pela mão e ensinar os caminhos que devia seguir. Ele escolheu sozinho esses caminhos, errou algumas vezes, acertou outras e chegou onde está hoje.
Sei que a vida dele ainda tem muitas estradas a serem percorridas, que ele ainda enfrentará pedras e pedregulhos no caminho, mas sei também que ele vai superar tudo de cabeça erguida, como sempre foi e continuará em frente, como tem feito até aqui.
Tivemos também nossos problemas e com alguns meses de quase-separação, resolvemos tudo e estamos bem. Mas mesmo enquanto não estávamos juntos, eu continuei torcendo pelo sucesso dele e acreditando que ele podia muito mais, que ele tinha potencial para ir mais alto, que ele chegaria muito longe com o trabalho e a inteligência dele. Pois ele chegou.
Ainda não é o ponto mais alto, mas ele já começou a dar os primeiros passos dessa caminhada que tem tudo para se tornar um grande vôo.
Quero que ele se lembre e que todos saibam que o caminho dele pode ser complicado às vezes, os dias podem ser tristes agora que ele está passando tanto tempo sozinho em cidades que não conhece e hotéis de ar condicionado tão frio, mas que sempre que ele puder voltar pra casa, seja por alguns dias ou poucas horas, onde eu estiver será a casa dele também. Admito publicamente que aquele papo de jamais lavar cueca de marido caiu por terra no momento em que o candidato a marido chegou em casa tão cansado que mal tinha forças para deitar e descansar. Lavei, sim, as cuecas e as meias e as calças e as camisas dele. Lavei, pendurei e passei. Até cozinhei pra ele.
Porque é isso que a gente faz por quem a gente ama: a gente se sacrifica, abre exceções e se desdobra pra cuidar da pessoa quando ela precisa de cuidados.
E o que eu quero fazer por ele é isso. Estar sempre presente, mesmo que ele esteja longe. Cuidar dele, mesmo que isso signifique fazer coisas que eu não gosto de fazer. E desejar que ele seja feliz sempre. Hoje, amanhã e sempre.
Feliz aniversário, Douglas.
Te amo muito e sempre.


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Trilha Sonora: Futebol na TV. Irmãos...