terça-feira, 26 de novembro de 2013

Green Jones / Norah Day

Acabei de ouvir Outro dia ouvi uma música que preciso eu precisava compartilhar aqui (no facebook eu já compartilhei na mesma hora).
Primeiro a música, depois as minhas opiniões de crítica musical de show de churrascaria:




Sim. É o Billie Joe Armstrong, vocalista do Green Day, aquela banda de punk rock (?*) e a Norah Jones, aquela cantora da voz doce, que canta lindamente as músicas que você pode usar para quase tudo na vida: de dormir a dirigir, passando por namorar e andar de elevador.
Não sei ainda como e quando começou, preciso dar uma procurada, mas eles estão cantando juntos e parece que a coisa foi até que bem divulgada já. Eu, desatualizada como estou, nem estava sabendo de nada e fui pega de surpresa quando alguma página de música que curto no Facebook publicou o vídeo acima. Fui ver correndo por dois motivos: adoro os dois em suas carreiras e achei isso muito inusitado. Nunca pensei que um cara que canta músicas como as do Green Day fosse capaz de mudar de estilo assim cantando com aquela fofura-meiguinha-bonequinha da Norah Jones.
Mesmo nas músicas mais tranquilas deles, o estilo é bem diferente, mais rock mesmo, não fugindo nunca do jeitão moleque do Green Day.
Já no caso da Norah Jones, não há muita surpresa, porque nessa dupla com o Billie Joe, eles estão fazendo um som bem folk, aquela coisa que combina com violão e lembra férias no campo, outono, coisa marrom (só eu penso nessas coisas quando ouço folk? Desculpa, então. Sou louca.). Não muito diferente do estilo original dela que, embora não seja folk, também é uma coisa bem tranquila de ouvir, traz aquela sensação de que nada mais é urgente, que o mundo deu uma desacelerada e que só importa o quê ou quem está ali com você naquele minuto.
A surpresa maior foi a parceria dos dois por causa do Billie Joe mesmo. Pra mim, humildemente palpitando, foi uma coisa estranhamente boa de ver e ouvir.
Achei que ficou muito bom, a voz deles combinou, ele se mostrou um cara corajoso e de voz versátil arriscando um estilo tão novo pra ele e uma parceira tão diferente dele, como a Norah Jones.
Enfim, pra quem não é profissional no assunto, falei demais já. Só queria indicar a dupla pra vocês e, se gostarem de Long Time Gone, tem mais músicas aqui, clicando na imagem:

https://itunes.apple.com/br/album/foreverly/id728775523?wmgref=http%3A%2F%2Fwmuk-apache.co.uk%2FLS%2Fbplayer%2Findex.html&affId=2082724&ign-mpt=uo%3D4


Sobre as músicas: todas elas são regravações do disco lançado em 1958, Songs Our Daddy Taught Us,  dos Everly Brothers, uma dupla que fez sucesso nos anos 50/60.
Espero que gostem!

(*Adoro Green Day, mas nunca tive muita certeza se devo ou não dizer que eles são uma banda de punk rock. Rock é, mas punk... Não sei, é um "rótulo" que não gosto de usar pra eles. Até porque, rótulo nenhum é legal de se usar em coisas que não sejam produtos industrializados que necessitem de informações nutricionais, procedência e data de validade, né?)

domingo, 17 de novembro de 2013

Memórias de uma Moça Bem-Comportada

Passei minha vida sendo uma moça bem educada, que prende o choro pra não precisar alugar o ouvido alheio com problemas desinteressantes, que evita se meter em assunto de terceiros se não for convidada, que faz o máximo possível para respeitar e não invadir o espaço dos outros, não respondo meus pais, não arrumo briga na rua, nunca passei noite fora sem avisar, nunca trouxe pra dentro de casa amigos ou namorados procurados pela polícia, eu mesma nunca fui abordada pela polícia na rua e morro de medo de confusão.
Sempre fiz o possível para seguir as regras, respeitar os mais velhos e ser bem vista por onde passei.
Minha cabeça sempre repousou tranquila e leve no travesseiro.
Não sou perfeita, nunca pretendi ser, mas dentro dos deslizes que sei que cometi na vida, nunca fiz nada realmente digno de um parágrafo na biografia da minha vida.
Acho que sou uma pessoa até chata de se conhecer, porque não tenho grandes histórias pra contar, não tenho várias lembranças divertidas de coisas que aprontei, de flagras que me deram pulando um muro, roubando um carro ou acordando nua ao lado de um estranho numa casa que não sei de quem é.
Namoros tive poucos e, de realmente significativo e duradouro, só um.
Não tenho um diploma universitário, mas não foi por falta de tentar: larguei a faculdade quase no final porque passei em um concurso público estadual, que me garante um emprego estável e contas pagas no quinto dia útil de cada mês. Não havia escolha. Ou eu terminava o curso e continuava desempregada até sabe Deus quando ou eu assumia o cargo e largava a faculdade pra depois. Pensei racionalmente e escolhi o emprego.
Eu quase sempre penso racionalmente.
São 27 anos, 6 meses e 17 dias pensando racionalmente, agindo com responsabilidade e colocando o bem estar das pessoas à minha volta antes do meu bem estar, evitando, assim, falar desaforos, responder de forma justa, dar na cara e cuspir em pessoas que nem sempre respeitam minhas decisões, minhas opiniões, meus desejos e meu espaço.
Tudo isso para, um belo dia (hoje) eu me dar conta que não valeu merda nenhuma, que eu devia ter feito valer minhas opiniões em todos os minutos que alguém questionou o que eu queria. Eu devia ter batido portas, devia ter gritado, devia ter ficado com fama de louca, de mal educada. Eu devia ter agido como sempre agiram comigo.
Eu devia ter cuidado da minha vida como sempre cuidei, mas errei por não fazer isso deixando claro que a vida é, sempre foi e sempre será minha.

***
Trilha Sonora: Epitáfio - Titãs. Mentalmente tocando aqui desde que comecei o último parágrafo.

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

(in)Decisões

De vez em quando a gente toma certas decisões pensando que vai ser fácil bancar as consequências depois.
Quase nunca é fácil.
A dificuldade para aguentar as consequências das suas decisões é proporcional à dificuldade que você teve para chegar na tal decisão.
Quem vê de fora e quem raramente pergunta, pensa que está tudo ótimo como está, que sou uma pessoa muito bem resolvida e que não volto atrás nunca.
Quem vê meu lado de dentro, quem me conhece sem precisar perguntar nada, sabe. Quando ele me olha, ele sabe que não é tudo tão bom quanto pensam. Quando conversamos sobre o futuro, ele sabe que ainda há espaço pra ele, mesmo que eu nem sempre admita.
Quando estamos juntos, nós três como uma família, vejo que tudo valeu a pena e que é ali, exatamente onde eu estiver, desde que com eles, que eu realmente quero estar. Sinto, por outro lado, que quando não estamos juntos, quando ele não está com a gente, que estou deixando passar momentos que nunca poderemos recuperar e que um dia ela talvez me cobre isso. Essa será a consequência mais dolorosa que vou carregar pelas minhas decisões.
Enquanto há tempo, enquanto não há cobranças dela sobre nossa separação, sobre o que eu sinto e não posso esconder de ninguém, decidi que vou apenas me dedicar a organizar minha vida, preparar um futuro seguro e digno e aí, quando pudermos, antes que ela tome consciência da nossa situação e as perguntas comecem, a gente senta e conversa. Se ainda houver o mesmo desejo dos dois lados, voltamos a ser uma família de segunda a domingo. Mesmo que não seja de forma tradicional, um endereço só, coisa e tal.
No fim das contas, se der certo, terei voltado ao meu desejo inicial de casamento dos sonhos: cada um no seu canto, o amor no meio.
E espero que essa decisão tenha consequências mais simples.

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Trilha Sonora:Ventilador é a trilha sonora do verão.