quinta-feira, 22 de maio de 2025

Post it pra mim

Quando o cansaço mental é tão intenso que o corpo dói. Sim. Dor física causada por cansaço mental.
Esse é um lembrete para que isso não se repita. Eu preciso do dinheiro, ele é necessário e vai me ajudar, mas não posso mais fazer isso e não quero mais fazer isso.
Voltar para lugares e situações que sugaram (e continuam sugando) minha energia, minha alegria, minha vontade de ser melhor... Não vale a pena.
Essa é a última vez mesmo.

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Trilha Sonora: vídeos aleatórios no youtube para relaxar a cabecinha cansada.

quarta-feira, 7 de maio de 2025

As coisas que aparecem e desaparecem

Do nada, um dia comecei a usar um anel. Era um anel lindo, de prata, que eram 7 anéis entrelaçados um no outro, como se fossem alianças.
Do nada, do nada, na verdade não foi. Só que eu não lembro quando foi. Não lembro de onde esse anel veio. Não faço a menor ideia se eu ganhei de alguém, se achei em algum lugar. Só lembro dele no meu dedo por alguns anos.
Estava tomando banho agora há pouco e, aí sim, do nada me lembrei desse anel. Ele sumiu. Não sei se eu perdi na rua, se tirei em algum lugar e esqueci. Se ele está em alguma caixa de tranqueiras esquecidas aqui em casa. Só sumiu.
Do jeito que ele veio, ele foi. Eu não sei mais nada sobre isso. Mas eu gostava dele e, por alguns anos, ele fez parte de mim (nunca tive um estilo específico pra dizer que ele fez parte do meu look ou do meu visual).
É engraçado como algumas coisas aparecem e somem das nossas vidas e a gente não percebe direito quando cada coisa aconteceu. Claro, na época, logo que comecei a usar esse anel, eu saberia responder de onde ele veio. Quando ele sumiu, obviamente eu não reparei de imediato, até porque, se eu soubesse, ele não teria sumido. Mas o ponto é: eu gostava dele e ele sumiu.
E não tem lição nenhuma nisso, nenhuma história que eu possa relacionar com esse surgimento e sumiço do tal anel. É só a constatação de que algumas coisas aparecem e somem e a gente nem percebe. A gente não percebe até que. Do nada.

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Trilha Sonora: Ouvindo o vídeo da Lorelay Fox aqui na aba ao lado, com os Conselhos Ruins.

domingo, 13 de outubro de 2024

A angústia da espera

Na última semana o assunto "envelhecer" tem sido o foco de quase todos os meus dias. Eu penso nisso, eu falo disso, eu lamento, eu celebro.
Meu pai está internado há alguns dias, tratando os problemas de rim e coração (que normalmente ele não cuida como deveria e, justamente por isso, foi parar no hospital). Há poucos dias meu pai completou 60 anos e, embora seja ainda muito novo, já não tem mais a juventude que se fixou na minha memória porque foi a fase da vida dele que eu mais presenciei.
Quando meus pais se casaram, tinham em torno de 20 anos. Meses depois eu cheguei. Pouco tempo depois veio minha irmã. Alguns anos depois, o meu irmão. Alguns poucos anos depois, meu outro irmão.
Entre o primeiro e o último nascimento, 13 anos se passaram. Meus pais ainda eram jovens. Mais jovens do que eu sou hoje. E aí a questão se desenrola ou se enrola, dependendo do ponto de vista.
Agora que meu pai está com a saúde frágil, vejo a materialização de tudo o que tenho observado e é fato para qualquer ser vivo: o tempo passa e a vida tem um fim. Quanto mais o tempo passa, mais perto estamos do fim. Eu aceito, não questiono. Lamento, mas não questiono. Muito menos tento lutar contra, porque sei que é uma batalha que eu não vou ganhar e, além de não ganhar, posso sair mais machucada do que o necessário.
Minha filha completará 12 anos no próximo domingo. Meu marido fez aniversário essa semana. Todo mundo faz aniversário todo ano. Eu celebro os aniversários e gosto de pensar na sorte que temos por vencer mais um ano porque todo dia, a todo instante, a gente poderia simplesmente cair morto no chão e não cai. E o aniversário é a soma de mais 365 dias em que poderíamos ter caído mortos no chão e não caímos.
Saber que meu pai pode não ter mais um aniversário pela frente enquanto todos nós vamos continuar comemorando nossos aniversários me faz olhar as coisas por uma ótica que não gosto. A ideia de "quanto mais o tempo passa, menos tempo de vida temos". Acho triste pensar assim e acho triste quem não celebra aniversários por causa dessa ideia. Mas estar inserida nesse momento da vida do meu pai, diante da possibilidade concreta de que, sim, ele não tem mais tanto tempo de vida quando tinha quando eu e meus irmãos nascemos, me obriga a pensar na finitude da vida mais do que penso no tamanho gigantesco que uma vida pode ter.
Pode ser que em uma reviravolta do destino eu mesma caia dura aqui e morra antes dele, que os médicos sejam tão competentes e Deus tão brincalhão a ponto de concederem a ele mais algumas décadas de vida. A gente não sabe. A gente nunca sabe. E esse não saber, quando ficamos tentando entender as coisas, é o que me consome.
Estou a semana toda repetindo que não acho que ele vá morrer agora, no hospital. E, do fundo do meu coração, não acho. Mas estar encarando a morte tão de pertinho me faz lembrar que, pode não ser agora, mas em breve.
E dentro de alguns anos essa situação se repetirá com a minha mãe. Em mais alguns anos com o meu marido, meus irmãos, amigos. A vida passa e a gente passa junto.
A vida está passando agora.



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Trilha Sonora: Aproveitando o sossego da manhã de domingo, passarinho cantando, uma moto passando ao fundo e meu teclado tec tec tec aqui.

segunda-feira, 9 de setembro de 2024

Revendo os meus filmes do coração

Estava no Blue Sky (agora que fomos despejados do Twitter) e surgiu o assunto "Oscar roubado da Fernanda Montenegro". Entrei na conversa e o assunto chegou em "Shakespeare Apaixonado é uma bomba".
A atriz trombadinha de estatueta eu acho beeeem sem graça mesmo, embora eu goste de alguns filmes que ela fez, pesar dela. Mas o filme, na minha memória, era bom ou pelo menos bonitinho.
Aí falaram "mas a gente gostava de muita bomba mesmo" e pensei que talvez seja a hora de rever esses filmes queridos da jovem Camila, porque eu era mesmo bem emocionada, como dizem hoje em dia. Qualquer romance água com açúcar anunciado na programação semanal do jornal (tinha isso, lembram? Canal por canal, programação da semana toda no jornal), eu já tava colocando o VHS no vídeo e apertando REC + PAUSE para deixar a fita no jeito e poder gravar assim que o filme passasse na TV.
Enfim, resolvi rever esses filmes do meu coração para ter certeza se eu ainda gosto mesmo deles.
A lista, por enquanto, será:

1 - Shakespeare Apaixonado 
2 - De Volta Para o Presente 
3 - Agora e Sempre
4 - Romeu + Julieta (versão do Leonardo DiCaprio)
5 - 60 Segundos
6 - Da Magia a Sedução
7 - Grandes Esperanças

Coloquei 10 Coisas Que Eu Odeio Em Você na lista, mas obviamente que o filme continua bom. Eu revejo até hoje e sigo gostando. Fora de discussão.
Os outros eu vou rever e volto para contar o que achei.
Quanto tempo isso vai demorar? Sabe Deus. Mas vou tentar.

segunda-feira, 5 de agosto de 2024

Rua 15, às 6h45

Quando eu estudava, por morar pertinho da escola, ia caminhando com amigas ou com a minha irmã e, chegando na rua da escola, não me importava com o sono ou com o frio das 6h45... 6h50 da manhã. Meus amigos estavam lá, o pessoal da escola estava lá e, eventualmente, algum garoto bonitinho específico ou aleatório também estava lá.
Era divertido encontrar tanta gente querida e conhecida todos os dias e todos os dias parecer um reencontro depois de muitos anos sem contato. Não faltava assunto, não faltava novidade, não faltava risada. Muita coisa acontecia entre meio dia do dia anterior e 6h45 do dia atual. Se fosse uma segunda-feira, nossa! Muito mais coisas aconteciam entre meio dia de sexta-feira e 6h45 de segunda.
Olhando daqui, de hoje, nada muito importante acontecia, mas muita coisa acontecia. E lá atrás era, sim, tudo muito importante.
Todo acontecimento depois do horário da escola era cuidadosamente guardado junto com a ansiedade para poder compartilhar com o grupinho de amigos na porta da escola. Não tinha o WhatsApp pra mandar foto do bonitinho que vimos na padaria e falou "oi" sorrindo pra gente. Não tinha Instagram pra postar para os melhores amigos um story na festa da sua prima. Não tinha nem SMS ou MSN para mandar um "que saco! Minha mãe tá me enchendo o saco por causa das notas de matemática de novo!". Um TikTok pra postar transição de looks usando Pakalolo ou Side Play ou Planet Girls com uma música da Shakira ou das Spice Girls. Nada.
Telefone até rolava, mas como fofocar em sigilo se só tivesse linha na sala, com toda a família ao redor? Telefone sem fio era coisa de rico. Às vezes, até o próprio telefone fixo era coisa de rico.
Tudo era urgente e imediato naquela época, mas, ao mesmo tempo, tudo precisava esperar algumas horas para ser compartilhado. Na porta da escola. Era lá que começava o nosso dia.
A gente acordava mais cedo pra sair mais cedo de casa e chegar na escola antes do sinal bater, porque assim sobrava mais tempo para conversar e contar tudo o que precisava ser contado nos mínimos detalhes enquanto o resto do grupo soltava gritinhos de alegria e "não acredito!!!".
Mais tarde tinha o intervalo e duas vezes na semana tinha a educação física, que era como um intervalo de 50 minutos, já que o professor sumia e a gente aproveitava pra tomar sol no gramado enquanto lia a revista Capricho ou a Toda Teen. Revista Carícia, de vez em quando aparecia, mas ninguém ligava muito. Legal mesmo era fazer os testes da Capricho e ler o horóscopo.
Mas a hora da entrada... Tinha uma magia ali, um frescor juvenil misturado ao frescor das manhãs do fim dos anos 90 e começo dos 2000. Uma urgência de aproveitar todos os minutos possíveis porque, não falávamos disso, mas sabíamos que aquilo não seria eterno.
Minha última manhã na porta da escola aconteceu em dezembro de 2002. Depois disso veio uma tonelada de mudanças e distâncias, faculdade, trabalho, casamento, filhos... A vida foi passando.
Hoje eu levei minha filha para a escola e chegamos um pouquinho mais cedo. Me despedi na esquina e fiquei observando ela descer a rua. Ao invés de entrar, ela parou na rodinha de amigos e ficou ali na calçada.


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Trilha sonora: Tela Quente - Maglore. O título da música combinou com o clima do post.