segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Um projeto de Ano Novo

O blog anda parado, eu sei. É que a vida anda corrida demais, a cabeça anda cheia demais e o tempo curto demais.
Esse 2014 foi complicadíssimo pra mim e minha família. Teve mudança de cidade às pressas por questões de segurança, teve meu pai na UTI agora no comecinho de dezembro, teve meu coração partido inúmeras vezes, teve trabalho pra caramba o ano todo com sistemas da Educação mudando e a gente tendo que se adequar e organizar tudo pra alimentar corretamente (e realimentar, colocar pra arrotar, trocar fralda, afagar, dar bronca...), teve internet falhando (ainda tem. Na casa nova ela não funciona direito no meu quarto), teve dinheiro faltando, teve choro, teve briga, teve muita noite em claro com Alice desregulando completamente o relógio biológico dela e o meu por consequência, teve desencontro, teve decepção, teve fofoca do mal, teve bolha no pé, teve projeto abandonado no meio do caminho, teve... Deu pra entender, né?
E não é que uma bolha no pé tenha o mesmo peso do meu pai ter ficado na UTI. É só que foi um ano realmente esquisito, cheio de espinhos e coisas chatas. Não posso dizer que foi um ano ruim, porque Graças a Deus tive 365 dias de vida ao lado das pessoas que amo e, tirando a saúde do meu pai que fraquejou, estamos e estivemos todos vivos e respirando diariamente. Mas sabe aquele ano que parece não dar uma folguinha? Quando uma coisa melhora, vem outra e dá uma desandada. Quando uma relação se ajeita, vem alguém e bagunça tudo.
Mas tá acabando e, apesar dos contratempos todos, foi um ano recorde no quesito "passou que eu nem vi".
O próximo ano tem tudo para ser mais leve e, pra me estimular a fazer dele melhor do que foi esse, resolvi começar um projeto 101 em 1001.
Pra quem não conhece, funciona assim: você faz uma lista de 101 coisas que quer fazer e tenta realizar tudo dentro do prazo máximo de 1001 dias (que são o equivalente a......... *Camila fazendo contas*........ 2 anos e 9 meses). Pra coisa ficar interessante, você precisa escolher metas desafiadoras de alguma forma, coisas que você nunca fez ou que deixou de fazer por alguma razão que a ciência desconhece e a fé não explica.
A minha lista ficou até que simples, mas tá cheia de coisas que eu nunca fiz ou deixei de fazer por pura e simples preguiça. E, no fim das contas, se eu conseguir fazer quase tudo terei deixado a preguiça de lado.
Se você quiser brincar, pode adaptar os temas. Já vi 101 em 1001 literário, de séries, de música, de vida saudável... Dá pra inventar muita coisa.
Pra colocar o projeto no blog vou tentar postar 1 vez por semana atualizando as metas alcançadas e, na página anexa que criei com a lista, vou riscando os itens cumpridos. Quem quiser me acompanhar, pode deixar comentários encorajando, rindo da minha cara, palpitando, dando dicas pra facilitar meu lado, me mandando dinheiro, me mandando fotos de belos homens desnudos,... ou pode adaptar minha lista e começar um projeto também.
O meu começa a valer em 01/01/2015 e assim que eu conseguir achar um contador que preste (também aceito dicas pra isso, por favor), vou colocar ali no cantinho do blog pra ir me pressionando e a coisa andar rápido.
Enfim, espero que isso me anime a postar mais no ano que vem e que anime outras pessoas a se desafiarem pra uma vida mais divertida e um ano mais leve.
Talvez eu ainda volte antes do dia 31 pra colocar no ar um dos 2565466255685 rascunhos que tenho guardados no blog. Se eu não voltar, desejo do fundo do meu coração que todos vocês e as pessoas que vocês amam tenham um 2015 lindo, maravilhoso, cheiroso e tranquilo.
Nos vemos lá!

_o/


***
Trilha Sonora: Bad Girls - M.I.A. Tô viciada nessa música há meses, desde que ouvi na trilha de Orphan Black, que aliás é um dos temas dos rascunhos que preciso postar.

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

6 on 6 #5

Antes de começar, sei que falta o 6 on 6 #4, mas em minha defesa digo o seguinte: vai sair fora de ordem porque tive problemas sérios em outubro. Inclusive, esse de hoje só está saindo graças ao tempinho livre aqui no trabalho, porque em casa estou sem internet e com a minha vida pra terminar de encaixotar para a minha mudança (a 20ª, aliás) amanhã cedo.
Enfim, vamos ao que interessa.
Para novembro escolhemos tema livre, então, como estou com pouco tempo para pensar e fotografar, peguei fotos recentes que gostei do resultado e o que temos é:

Essa é a catedral de Assis. Postei essa foto no Instagram, meses atrás, participando de outro projeto fotográfico, o #desafioprimeira.

Esse é o pessoal da Alice, como ela chama os bonecos e qualquer grupo de mais de duas pessoas. Ela sempre organiza os bonecos assim, em roda ou enfileirados e eu tenho que sentar junto para brincar com o pessoal.

Essa eu tirei de dentro do carro em movimento e a sujeira do vidro (Eca! Lava o carro, pai!) deu um efeito legal nas luzes da rua.

Essa foto também foi pro Instagram há algum tempinho. Tirei aqui na porta da escola, numa terça-feira de céu lindo, no fim da tarde.

Recebi as edições de 2014 dos livros do Itaú e eles vieram em um envelope com esses "selos" lindos que tentei arrancar até perceber que eram imagens impressas no papel. Vou postar depois sobre o projeto e os livros lindos.

Dias atrás foi o aniversário de 02 anos da minha filha. O bolo foi esse. Fiquem com água na boca. Estava delicioso!


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Trilha Sonora: Alice tagarelando aqui do meu lado. Melhor trilha.

sábado, 25 de outubro de 2014

Indicações

Já ia me esquecendo:
Dia desses, passeando por indicações de links em outros blogs, fui parar nesse post aqui do Vida Expressa. Me identifiquei tanto com o tema, que deixei um comentário enorme que evoluiu para uma troca de e-mails entre a Naira (que moça mais linda, gente!) e eu e aí surgiu um convite dela para um post meu sobre o assunto. Aceitei facinho e o post que saiu foi esse aqui: Amor Próprio a Gente Constrói, falando da pressão familiar que sofri a vida toda para ser mais magra, mais feminina, mais delicada.
Então, além da auto-promoção, tô indicando o blog todo porque é uma delícia de ir fuçando e lendo e comentando e pensando... O tipo de blog que gosto de ler sem pressa, com tempo de sobra e mente aberta para aproveitar cada vírgula.

Outra indicação/novidade é que estou ajudando a Gabi (que moça mais linda, gente!² Mas ela é amor antigo e já sabe disso) na administração de uma página no facebook, a Todo Ponto. É uma página sobre literatura, basicamente. Quando temos um tempinho rola resenha, indicação, fragmentos de livros, link para outras coisas sobre o assunto, etc. É bem legal, pra quem se interessa. Dá uma curtida lá, manda uma contribuição, compartilha. ;)
E, se você não gosta do fb, sem problemas! A página tem também um blog que, apesar de estar sem atualizações há algum tempo, tem coisas bem interessantes por lá e, logo mais (prometo), vai ganhar contribuição minha também.

Então, durante a minha ausência no blog, se alguém perguntar por mim, diz que fui por aí... Mas volto!

P.S.: Continuo lendo e-mail e entrando em redes sociais (Twitter, Instagram, Facebook, etc) sempre que possível, o que significa quase todo dia. Quem quiser falar oi pra mim, só mandar um O+I e eu responderei com prazer.

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Trilha Sonora: Diz Que Fui Por Aí - Fernanda Takai

Últimas

O blog tava começando a ganhar mais atualizações, eu estava cheia de idéias e projetos pra colocar em prática, mas daí veio a vida e BAM! Me chutou bem no meio da cara.
Aconteceram coisas sérias ultimamente, estão acontecendo mudanças práticas e literais no meu mundo offline e tudo isso me levou a deixar o blog um pouco de canto.
Preciso me organizar, esperar as coisas acalmarem de novo e aí o blog volta certinho, com tudo o que estou devendo e com tudo o que está guardado nos rascunhos.
Até lá, desejo apenas que a mudança traga de volta a tranquilidade que me foi roubada.

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Trilha Sonora: Silêncio por dentro e por fora.

domingo, 28 de setembro de 2014

Digitais

Sempre me achei muito especial por ter uma impressão digital em forma de S. Achava que só a minha era assim e me orgulhava de ter um dedão tão legal e alfabetizado.
Até que um dia, não me lembro como, descobri que todo mundo* um monte de gente tem a impressão digital assim, basicamente em forma de S e o que diferencia uma pessoa da outra, a verdadeira impressão digital que se analisa minuciosamente; são riscos menores e quase imperceptíveis que compõem o tal S que eu pensava ser só meu.
Penso que seja assim com as pessoas. A gente acha que uma pessoa é única por causa da beleza, da simpatia, do estilo, do que ela sabe fazer. Mas não. As pessoas são basicamente as mesmas porque, mesmo o mais raro dos dons ou belezas, podem ser encontrados em outras pessoas pelo mundo.
O que torna uma pessoa única é o cheiro da pele dela que ninguém mais tem igual, é a voz dela que gravador nenhum é capaz de captar perfeitamente, é o contorno dos lábios que batom nenhum pinta completamente, é o jeito doce ou agressivo de olhar... mas, mais que toda essa beleza e graça invisíveis, o que torna as pessoas tão únicas e especiais é o que elas nos causam com um toque, um alô fora de hora, as borboletas que se agitam mesmo depois de anos adormecidas no estômago.
O que torna alguém único é, mais que qualquer coisa, o que ela é capaz de fazer com a minha vida depois que ela se vai.
Só a minha impressão digital em forma de S não pode ser alterada. O resto todo, quem eu sou, o que eu quero e as lembranças que ficam; nada disso voltará ao lugar nem em um milhão de anos, nem com um milhão de retornos e sensações únicas e arrepios inéditos.
Só eu sei ler essas impressões digitais que elas deixam na minha alma.


*Todo mundo ou quase todo mundo? Dei uma pesquisada na Wikipedia e parece que existem 3 padrões básicos, então nem todo mundo tem o dedão alfabetizado em S como o meu. Me sinto um pouco mais exclusiva outra vez com o meu polegar especial.


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Trilha Sonora: Biquini Cavadão se recusa a encerrar o show de uma música só na minha cabeça. Há 7 dias.

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Paralelos

Acordou com a música que vinha do rádio relógio ao lado da cama. Quem ainda usa rádio relógio hoje em dia? Era a pergunta que sempre fazia quando ele despertava de manhã e ela não queria acordar, mas não podia dormir mais cinco minutinhos porque não sabia direito como usar a função snooze do bendito rádio relógio. Sabia consertar eletrodomésticos da mãe e orgulhava-se de trocar as próprias lâmpadas queimadas, mas não sabia usar um botão de um rádio relógio tão velho.
Levantou sem abrir direito os olhos, sentou na cama esticando o braço para alcançar o botão, mas interrompeu o movimento quando percebeu qual era a música que estava tocando.
Lembrou-se que era domingo e não entendeu o que o despertador estava fazendo tocando uma hora daquelas, em pleno domingo. Domingo era sagrado. O dia do sagrado sono até meio dia. Acordar com fome e almoçar o resto da janta. Uma fatia de pizza gelada, um resto de yakissoba frio, um pedaço de lanche trazido da rua na noite anterior. A regra era não se esforçar, não sair de casa, não atender ninguém e não fazer nada antes da uma da tarde. Funcionava assim há anos, não fazia o menor sentido aquele despertador tocando agora. Pelo menos a música era boa. Apesar de fazê-la lembrar de um passado há tanto esquecido e enterrado, pelo menos a música era boa.
- 7:00am. Que loucura foi essa de programar esse despertador pra uma hora dessas? Só terminar essa música e volto a dormir. Deve estar com defeito. Vou terminar de ouvir e desligar da tomada. - disse baixo, enquanto voltava a se deitar, jogando os braços por baixo do travesseiro e esticando as pernas para ocupar a cama toda.
- Você vai voltar a dormir? Não prometeu que hoje começava a caminhar?
Por um segundo que pareceu um minuto encarou aquele vulto na sua cama, falando com ela de forma tão natural, como se tivesse sempre estado ali. A voz era conhecida, mas não fazia o menor sentido. "Como ele entrou aqui?" pensou enquanto tentava se lembrar de qualquer objeto pesado o bastante ou pontiagudo que pudesse usar para se defender dele. Mas ele não parecia uma ameaça. Ele nunca tinha sido uma ameaça. Apesar de não terem dado certo juntos e de na última vez terem brigado tão alto que as luzes da casa do outro lado da rua se acenderam no meio da madrugada, ele nunca foi uma ameaça. Ela era uma ameaça pra ele. Já havia arremessado coisas na direção dele em mais de uma ocasião. Ciúmes, desentendimentos por culpa de amigos, mau humor. Acontecia pouco, mas acontecia. E ele sempre, com a maior calma do mundo, desviava dos objetos voadores e ia embora. Voltava ou ligava horas depois para conversar e ela sempre pedia desculpas, jogava a culpa nele, mas pedia desculpas. Não queria machucar, não queria acertar, não queria que ele fosse embora. Até que um dia ele desviou de um mini-dicionário, foi embora e não voltou mais. Não ligou. Não apareceu mais nem para buscar as coisas dele ou devolver as coisas dela.
Ela esperou por 2 dias. Pensou em ligar, mas não ligou. Pensou em mandar um e-mail, mas não mandou. Pensou em ir pessoalmente até o trabalho dele no meio do dia, na quarta-feira seguinte, mas achou que seria inconveniente demais interromper o expediente dele para brigar por ele ter sumido tantos dias. E no trabalho dele ela não poderia gritar ou bater portas. "Se ele foi embora, ele que volte. Ele sempre volta.". Mas ele não voltou.
Durante algum tempo ela ainda pensou que fosse chegar em casa e encontrar com ele na porta, esperando por ela, com uma desculpa qualquer para justificar o sumiço. Mas já havia se passado 3 meses e ninguém nem tinha notícias dele. Só sabiam que ele continuava trabalhando no mesmo lugar, morando na mesma casa. Mas havia sumido dos bares que frequentava e não dava as caras há muito tempo nas casas de amigos em comum.
Ela nunca perguntava diretamente dele, mas vez ou outra conduzia as conversas de forma que alguém tocasse no nome dele, esperando alguma notícia. Mas as pessoas normalmente perguntavam dele pra ela ao invés de dar o paradeiro do fugitivo.
Chegou um dia, quase 1 ano depois, que ela desistiu de esperar. Pensou que ele talvez tivesse arrumado outra, tivesse ido embora do país, tivesse conhecido outro cara e se descoberto gay. Qualquer desculpa fazia sentido para explicar o sumiço.
Ela evitava apenas pensar que ele estava cansado das brigas, do descontrole, da instabilidade emocional que ela vivia e descarregava nele. Evitava pensar que a culpa era dela. Não era. Ele devia um pedido de desculpas. Mas depois de tanto tempo, deixou pra lá. "Que esteja feliz, pelo menos", ela pensava. Mesmo que no fundo ela sempre completasse com um "...e sozinho".
Depois de tantos anos juntos, não conseguia aceitar a idéia de que ele pudesse se interessar por outra, que ele pudesse estar com outra, beijar e ir pra cama com outra. Ela não se via com outro também. Pensava que não conseguiria mais ficar nua na frente de outro cara que não fosse ele. Sentia pavor de pensar em acordar no meio da noite, ainda sem se vestir e deparar-se com alguém na cama que não fosse ele. Não teria coragem de perguntar, rindo como sempre fazia, onde estava a calcinha dela. E sabia que nunca mais ouviria a resposta "pra quê vestir se vamos tirar de novo daqui a pouco? Volta pra cama..." com aquela voz sonolenta e sexy que ele tinha quando acabava de acordar.
Aquela voz... Aquela voz estava ali, no escuro do quarto dela, falando com ela, na cama dela. Aquela voz. "Como ele entrou aqui?" e ainda não entendia o que estava acontecendo.
- Que dia é hoje?
- Hoje é... Do mês eu acho que é 14. Domingo. Por quê? Deixa eu ver no celular. Pega no bolso da minha calça aí no chão.
Ela sempre perguntava o dia quando, nas manhãs de ressaca, queria se livrar de alguma companhia indesejada que acabava passando a noite ao invés de seguir no primeiro táxi às 4 da manhã. Depois de tanto esperar, ela voltou a sair, conheceu outros caras legais, levou alguns para a casa dela, fez o que quis fazer e sempre, inevitavelmente os despachava com uma desculpa qualquer para que eles não dormissem lá ou ficassem mais que o necessário. Não queria aquele incômodo de preparar café da manhã ou o constrangimento de acordar com um café na cama e um pedido de namoro às 8 da manhã. É difícil dizer não antes do meio dia e ela não gostava de parecer grosseira com desconhecidos. Quando acontecia de pesar demais o sono, um tipo de despertador interno a fazia acordar antes deles e ela se vestia correndo, fazendo algum barulho no quarto. Derrubava um desodorante ou chutava um banquinho de forma que qualquer narcoléptico acordasse no susto e emendava na pergunta chave, "que dia é hoje?" para em seguida fingir um compromisso qualquer, alguém chegando de viagem no aeroporto ou na rodoviária e ela precisava se aprontar pra buscar a pessoa, "infelizmente você não vai poder ficar, mas me liga, vamos sair de novo um dia desses...". E nunca mais.
Mas perguntar o dia para ele não foi uma maneira de começar o teatro para livrar-se dele. Foi um medo de aquilo ser um sonho, medo dele de repente responder 31 de fevereiro, se transformar em uma gaivota azul e sair voando pela janela aberta.
- O que você está fazendo aqui?
- Quê?
- Como você chegou aqui? O que você está fazendo aqui?
- Eu? Estou acordando, ué. Eu costumo fazer isso depois que durmo por algumas horas. Você tá bem? Tá dormindo ainda, né? Vem cá, deita aqui...
- Como você entrou aqui? Desde quando está aqui?
- Entrei com você, ontem, depois que fomos ao mercado e estou aqui desde a semana passada, quando estourou aquele cano no meu banheiro e você disse que eu poderia ficar aqui com você. Deita aqui, volta a dormir.
- Cano? Que cano?
Ele riu e enquanto a abraçava, pediu mais uma vez que ela se deitasse para voltar a dormir.
Ela deitou, mas não fazia o menor sentido. Ficou pensando o que ela teria bebido ou usado sem perceber na noite anterior. Só podia estar sonhando, só podia ser uma ressaca depois de 1 semana alucinada. "Como assim? Ele está na minha casa há dias e eu nem me lembro?". Se estava ficando louca, precisava ao menos fingir estar sã para evitar uma internação. Se estava sonhando, precisava se manter no controle daquele sonho. Entrou no jogo dele. Deitou na cama, deu um beijo nele meio desajeitado e percebeu que, com tanto tempo de saudade e distância, já tinha se esquecido como era o arrepio que sentia quando os lábios deles se encontravam.
- Me desculpa?
- Hmm... Por quê?
- Por tudo. Me desculpa?
- Não sei o que é esse tudo, mas se você está arrependida, desculpo, sim. Eu sempre te desculpo.
A música terminou e, antes de puxar a tomada do rádio-relógio, ela só teve tempo de cantar sorrindo o finalzinho "em algum lugar do tempo, nós ainda estamos juntos Pra sempre, pra sempre ficaremos juntos". Se fosse um sonho, que pelo menos terminasse bem. Se fosse uma nova chance, que pelo menos recomeçasse com uma promessa.


***
A idéia desse conto surgiu enquanto eu ouvia essa música. Não consegui escrever de uma vez só porque as idéias sempre me procuram quando preciso ir dormir, então fiz quase todo no sábado de madrugada e deixei pra terminar na terça-feira, quando tenho 2h livre (por incrível que pareça, no trabalho).
Se ficou muito ruim, perdoem-me. Foi minha primeira vez arriscando um texto totalmente de ficção. Mas saiu tão fácil e tão natural, que achei melhor não esconder. =)


***
Trilha Sonora: Em Algum Lugar do Tempo - Biquini Cavadão. Essa música sempre mexeu demais comigo, mas depois desse conto ela ganhou um status diferente na minha playlist "músicas de dor de amor".

domingo, 21 de setembro de 2014

Cardiopatias

Essa semana me perguntaram no trabalho:
- Nossa! Coração dói? Tô sentindo uma pontada aqui no peito.
Respondi:
- Até onde sei, não dói. Ou não deveria doer, né...
A pessoa devia estar perguntando "cardiologicamente" falando, referindo-se a uma dor que poderia ser tanto um anúncio de infarto quando gases. Quase sempre são gases.
Mas respondi pensando na dor que eu ando sentindo mesmo. Aquela dor que não deveria existir, mas insiste em doer. Aquela dor que não deveria existir, porque em algum momento te juraram que não doeria, mas dói. Em algum momento te imploraram para acreditar que nunca doeria, mas dói.
Todo problema cardíaco tem remédio. Mesmo que não tenha cura, tem remédio, tem dieta, tem tratamento, tem exame para detectar e prevenir. A dor que sinto não tem. Não tem médico que cure, não tem remédio que mascare, não tem tratamento que controle, não tem exame preventivo. Ela vem e dói. Só dói.
Um dia deixa de doer ou a gente acostuma com aquele incômodo. Ainda não sei bem o que acontece. O lado ruim (e tem lado bom?) desse tipo de problema do coração é que ninguém sabe explicar nada e todos os casos são inéditos. São sempre dores únicas, mesmo que elas pareçam ser as mesmas.
Só não deixam de doer. Doem muito.


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Trilha Sonora: Juro que tem cantigas de roda tocando na minha cabeça num looping infinito e irritante. "da abóbora faz melado do melão faz melancia" ou alguma coisa assim.

domingo, 14 de setembro de 2014

6 on 6 #3 - Atrasadíssimo

Agosto não é o mês mais divertido do ano para a maioria das pessoas, mas pra mim foi bem tranquilo. Agora, pra compensar, setembro tá vindo desabando na minha cabeça. Um forninho atrás do outro e eu tentando segurar tudo sozinha. Não está fácil ser eu. Só digo isso.
Por essas e outras, meu 6 on 6 está atrasado em muitos dias. Mas tá saindo agora e vamos em frente, que uma lição que estou tendo da vida essa semana é essa: sempre em frente, sem parar.

A inspiração para esse mês foi Cores.
Eu não tenho uma cor preferida, mas uma amiga observou há algum tempo que gosto muito de coisas de bolinhas. Acho que por causa da minha mania de joaninhas, acabei desenvolvendo um gosto maior por coisas com estampa de bolinhas.
Pensando nisso, juntei algumas coisas nesse padrão e mãos à obra:

Isso é um protetor de escova de dente em formato de joaninha. Minha coleção de joaninhas tem quase tudo o que se possa imaginar.

Uma das minhas paixões mais recentes: decotapes. Ou durex colorido, pra simplificar. Comprei montes e montes deles esses dias e, apesar de virem cores e modelos sortidos, vieram alguns de bolinhas. Amei!

O kit de quarto que a Alice ganhou de uma amiga minha é todo assim: rosa com joaninhas e a faixa vermelha de bolinhas pretas. Tá meio manchado e a Alice fez o favor de roer a bolinha das tampas, mas ainda tá bonitinho.

Porta-cartões: coisa mais simples e útil e de joaninhas, claro. E, olhando de repente, parece que são só bolinhas vermelhas.

Acabo passando minha mania de bolinhas para as coisas que a Alice usa. Aqui, apenas 2 dos muitos laços e enfeites de cabelo que ela tem. E muitos deles são... de bolinhas.

Essa almofada tem uma estampa da Moranguinho do outro lado. Comprei porque a Alice viu e cismou que era da Barbie (e porque custou só R$ 10,00 na Pernambucanas). Acabou que as cores dela combinaram com as outras almofadas e os adesivos de parede que tenho aqui. Pra ficar mais bonitinho, tento comprar os lençóis sempre nesse padrão de cores rosa/lilás/roxo.

Esse foi o meu 6 on 6 atrasado. Aproveita e vai dar uma olhada no das outras meninas:
Marô
Raquel
Ana Luiza
Marta
Sabrina 


***
Trilha Sonora: Amanhã ou Depois - Nenhum de Nós. Da série "músicas aleatórias que fazem muito mais sentido agora".

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Meme: Casa em Chamas

Esse mês o Rotaroots veio cheio de temas legais e, eu que queria fazer todos, acabei me enrolando e só vou conseguir participar de alguns (ou só esse).
Escolhi, pra começar, o seguinte:
Este foi um dos temas do mês passado no Rotaroots, mas me enrolei tanto com tantas coisas, que acabei escrevendo o post todo e não publiquei porque não tive tempo de fazer as fotos, que eram parte da proposta. Como já passou a data, vai sem fotos mesmo.
"Selecione o que você salvaria na sua casa caso ela estivesse pegando fogo, fotografe e conte o porque você os salvaria."
Já passei por um incêndio e, graças a Deus, não foi na minha casa e nem chegou a machucar ninguém (foi na escola onde eu trabalhava, em horário de aula, mais de 400 alunos, uns 30 funcionários e professores em pleno horário de aula e expediente administrativo). Eu, como responsável por prontuários e vida funcional do povo todo, saí catando tudo o que meu braço aguentou carregar junto com uma professora que se recusava a sair do prédio e deixar pra trás anos e anos de documentos dela e dos colegas. Confesso, se não fosse o apelo dela, eu teria saído junto com todo mundo, logo atrás dos alunos. Mas, né? Consciência não me deixou sair, então dei meia volta e fui lá abrir armários enquanto a fumaça invadia minha sala.
Cara! É um negócio desesperador.
Espero que ninguém passe por isso e, principalmente, espero que minha casa nunca pegue fogo, mas entrando na brincadeira, vamos ver qual seria minha estratégia:
Obvio que a primeira coisa a fazer seria tirar minha filha do meio do perigo, sem nem pensar em documentos, bens materiais ou telefone dos bombeiros. No máximo pegaria minha bolsa, se ela estivesse por perto, rezando para ter algo útil nela.
Mesmo levando a Alice para bem longe do fogo, eu provavelmente não seria corajosa de entrar na casa em chamas novamente e aí perderia tudo que tenho em casa, mas vamos mudar o cenário então.
Suponhamos que a Alice já tivesse sido tirada por outra pessoa ou que não estivesse em casa no momento do incêndio. Eu pensaria de forma prática e, como não tenho mais que 2 braços, usaria o carrinho de bebê da Alice para amontoar o máximo de coisas possível e correr. Para a minha sorte, é um carrinho enorme e eu poderia facilmente colocar nele:

1 - Meu notebook
Não terminei de pagar ainda e demorei muito tempo para comprar. E com ele a salvo, eu posso me distrair jogando The Sims e ouvindo música e esquecer que minha casa pegou fogo.

2 - Minha bolsa
Dentro dela sempre tem meu RG e a certidão de nascimento da Alice. Documentos são fundamentais para se cadastrar em programas sociais e conseguir abrigo depois de ficar sem casa para morar. Também tem meus cartões de crédito que não ajudam muito porque tô sempre sem limite, mas né, faz de conta que nesse cenário hipotético eu não sou a louca das compras.

3 - Roupas da Alice
As roupas dela são separadas por estação pra facilitar no dia a dia, mas na hora do desespero, eu tiraria as gavetas e viraria tudo no carrinho. As minhas roupas eu não me importaria de perder tudo, porque tô precisando renovar meu guarda-roupa faz um tempão e nem tenho tanta roupa mesmo, então "tatu do bem" deixar queimar meus trapinhos.

4 - Carteira de vacinação da Alice
Já parou pra pensar o trabalhão que dá provar que você tem todas as suas vacinas em dia? Melhor não arriscar. E junto com as vacinas, tem anotado o desenvolvimento dela desde que ela nasceu, datas das consultas médicas, peso e altura.

5 - Fotos
Tenho muita foto de máquina analógica, relíquias de família mesmo e é o tipo de coisa que se você perde, chora pra sempre. Pra ajudar (ou atrapalhar, nesse caso de perder tudo), comprei uma máquina tipo Polaroid e tenho mais um monte de mini-foto que tirei com ela recentemente. Como cada foto sai a um custo de mais ou menos R$ 2,00 acho melhor eu colocar também no carrinho de compras bebê.

6 - Instax Mini
A maquininha das fotos caras. Ainda estou in love com ela e não quero deixar que ela fique preta ou vire cinzas. Vai pro carrinho, então!

7 - Caderno de Recordações
Estou fazendo para a Alice um caderno de recortes, colagens e fotos com cartas que escrevo para ela ler no futuro. Não tem muita coisa ainda, mas o pouco que já tem, foi feito com tanto carinho, que não gostaria de perder no fogo. Também jogaria no carrinho o Diário do Bebê dela, cheio de anotações das coisas que aconteceram nos primeiros meses de vida dela, com datas e detalhes que não me lembro se não olhar nele.

Fora esses itens, acho que o resto poderia arder no fogo e eu só lamentaria até poder comprar tudo de novo (basicamente móveis, livros e DVDs).

E você, fogoso leitor (pegou? pegou? ahn? fogoso > incêndio. heh), o que tentaria salvar se sua casa estivesse pegando fogo?

***
Trilha Sonora: Eletrical Storm - U2. Melhor que a música, só o clipe dela. Lindo!

A Última Gota

Eu tinha muito para dizer, eu tinha muito para perguntar, tinha muito para saber, mas não quero mais.
É como ficar cutucando aquela ferida que está quase secando e daí ela volta a sangrar e arde tudo de novo.
Cansei de cutucar feridinhas quase secas, cansei de oferecer minha pele para novas feridas serem abertas. Já tenho minha coleção de cicatrizes que nunca sumirão, não preciso de mais uma.
Chorei, sim, por menos de cinco minutos e só agora há pouco, mas disfarcei enquanto olhava a janela e bebia água para não ter que encarar ninguém e explicar e justificar e dar detalhes e me envergonhar de ainda estar nessa.
Ainda estou, mas tô saindo.
Já tranquei todas as portas e estou apenas procurando um bom e fundo buraco para enterrar as chaves.
Eu não preciso mais disso. Eu não quero mais isso.
O choro talvez tenha sido do alívio que sinto agora que consegui ver tudo com clareza, como se eu tivesse passado anos sem enxergar direito as coisas e agora, de repente, uma luz se acendeu na minha frente e percebi os passos tortos que eu estava dando em direção ao nada. O choro talvez tenha vindo pela tristeza de ver a verdade. A verdade dói, não dói? É o que sempre dizem.
E eu sempre disse que prefiro a dor da verdade do que a mentira que envenena. Saber da verdade é como a sensação de alívio depois de um tapa. Arde. Dói. Mas em poucos segundos a dor passa completamente e fica apenas aquele calor do sangue correndo quente debaixo da pele. E é enquanto o sangue está quente que a gente deve reagir depois de um tapa, depois de ouvir a verdade.
Já deixei para reagir depois, com o sangue frio e correndo mais calmo, mas me vi novamente e muitas vezes mais na mesma posição. Sendo envenenada pelas mentiras e implorando pelo tapa na cara.
Mas chega um dia que basta. Basta de venenos em pequenas doses, venenos em belos frascos e venenos antigos. Já provei todos e o que não mata, fortalece, não fortalece? É o que dizem também.
Agora que provei a última dose de veneno e consegui o tapa na cara que eu queria, tenho forças para largar esse hábito de cutucar as feridas, trancar a porta desse lugar que já desabou há tempos e esperar o corpo acostumar com todas as cicatrizes, colocar pra fora a última gotinha do veneno que se entranhou em mim e voltar a viver por quem vale a pena, contando apenas com quem realmente deseja estar ao meu lado e dando uma chance para quem está disposto a me estapear com as verdades sempre, sem me matar aos pouquinhos com os venenos que já conheço bem.
Continuo firme no meu caminho. Com a bagagem cada vez mais leve e livre de culpas.


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Trilha Sonora: A rádio mental começou com Lenine - A Medida da Paixão e terminou com Strokes - Last Nite. Boa troca.

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

O Que Escolhi

Tenho passado tempo demais sozinha, acordada até tarde depois que a Alice dorme. Esse tempo tem sido bom para refletir, para questionar algumas coisas que faço, para me entender sobre decisões que tomei. Para me arrepender de algumas e reafirmar outras.
Ando pensando muito nas minhas escolhas, no que teria acontecido se em tal momento eu tivesse tomado o caminho da direita ou da esquerda ao invés de seguir em frente.
Cheguei a uma conclusão inconclusiva apenas: tudo o que tenho hoje foi escolha minha. Tudo o que não tenho hoje foi escolha minha.
Minhas decisões estão pesando nos meus ombros e ao mesmo tempo me dando o alívio de ver que o peso poderia ser maior hoje.
Me sinto orgulhosa por ter a coragem que muitos não tiveram e nunca terão de jogar tudo pro alto nos momentos incertos e recomeçar, forçando cada momento a se tornar certo.
Ainda cometo erros, ainda preciso de ajuda com muita coisa, ainda me perco dentro de mim. Mas por fora, mesmo que doa, sigo firme tentando acertar, tentando me encontrar
Hoje entendo que tudo na minha vida pode ser o que eu quiser que seja. Se eu posso escolher ficar ou partir, amar ou odiar, calar ou falar... Vou escolher sempre o que me doer menos e me ensinar mais.
Tudo é opção. Tudo é escolha.
Minha opção foi amadurecer, me tornar responsável por outra vida, me tornar diariamente melhor do que fui ontem.
Não é fácil lutar contra velhos hábitos, não é fácil se desfazer de antigos fantasmas. Mas a bagagem precisa ser leve se eu quiser seguir em frente.
Se passei um tempo perdida, sem rumo e sem planos para o futuro, posso dizer que hoje sei exatamente onde estou e para onde quero ir. Sei quem eu não sou e o que eu não quero pra minha vida, mesmo não tendo plena certeza de quem sou e do que quero. Minha única certeza é o caminho que pretendo seguir.

***
Quem conhece bem as músicas da Alanis, deve ter notado que tomei emprestado um verso de Precious Illusions (mais a idéia dele do que ele todo). É que não achei meio mais apropriado de expressar o que eu queria dizer. Sabe aquela coisa de "tal música fala por mim"? Pois então. Essa é só mais uma dessas músicas.

O clipe (lindo) e a música completa, pra quem curte ou não conhece e ficou curioso.

***
Trilha Sonora: Enquanto Durmo - Zélia Duncan.

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Enquanto o Sol Nascia

Hoje veio aqui em casa aquele casal de amigos que mora na cidade onde moramos juntos por tão pouco tempo.
Eles passaram naquela padaria 24h e trouxeram o pão para o café da tarde.
Parece bobagem e, talvez você nem tivesse sentido o que senti, mas quando abri o saquinho dos pães voltei rapidamente e por poucos segundos naquelas manhãs em que íamos caminhar para aliviar as dores que eu sentia nas pernas no final da gravidez e, já que estávamos acordados, aproveitávamos o embalo e íamos até lá, tomávamos café da manhã, pedíamos os pães e os frios para o lanche da tarde e voltávamos para casa para que eu tentasse dormir um pouco.
Foram os últimos momentos que senti algum tipo de cumplicidade entre nós, enquanto éramos mais que um casal, quando conseguíamos ser amigos e ríamos juntos e conversávamos sobre a vida, sobre nosso futuro, sobre os nossos planos, sobre a gravidez, sobre nós. Não me lembro se todos os momentos de caminhadas foram assim, mas só consigo guardar comigo a imagem de um casal meio perdido com a vida a dois e gostando da aventura.
É estranho porque, quando penso nisso, meio que vejo a cena por cima, como se eu não fizesse parte daquilo e estivesse lá do alto olhando para nós lá embaixo, naquelas manhãs geladas que faziam naquela época do ano. Nos vejo caminhando sem pressa por causa das minhas pernas doendo, do peso da minha barriga e da nossa vontade de prolongar aqueles momentos tão nossos que, sabíamos, não durariam para sempre.
Tivemos o privilégio de passar meses em casa, sem compromissos, sem horários, sem preocupações externas. Só nós, só os nossos problemas e as nossas saídas de emergência, quando corríamos do outro lado da rua, fazíamos uns cálculos rápidos e conseguíamos mais um tempinho de tranquilidade financeira. Ironicamente foi esse privilégio um dos motivos do nosso fim.
Se eu soubesse que acabaria como acabou não sei dizer se eu mudaria algo, mas tenho certeza que teria te chamado para caminhar mais vezes, teria aproveitado mais aqueles últimos momentos de cumplicidade e leveza e, pode ter certeza, teria dito naqueles momentos entre um pãozinho e outro o quanto eu gostava da sua companhia.

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Trilha Sonora: Walking After You - Foo Fighters. Uma das poucas músicas do Foo Fighters que eu gosto de verdade.

domingo, 17 de agosto de 2014

Sendo Romântica e Me Fodendo

Não sou muito romântica.
Na verdade até sou, mas evito demonstrar.
Na verdade até demonstro, mas penso bem e calculo antes de agir porque de uns tempos pra cá, avaliando as coisas que já vi e vivi nesses quase 30 anos de existência velha é teu rabo e, principalmente as coisas românticas e bregas que já fiz em nome do amor (quem nunca?), cheguei à conclusão de que devo ter sido assunto de conversas entre meus ex e os amigos deles mais de uma vez. Não assunto no sentido de orgulho "minha namorada é melhor que a sua", mas no sentido de piada "minha namorada é mais trouxa que a sua".
Não que eu só tenha me relacionado com babacas (e foram muitos, mas não foram todos), mas todos os relacionamentos acabaram da seguinte forma: de um lado uma pessoa feita de trouxa e do outro lado uma pessoa saindo com pose de muito magoada, porém se reerguendo e voltando a viver em poucos dias. Nem preciso explicar quem é a pessoa feita de trouxa, né?
Talvez seja a minha cara, talvez seja a minha altura, talvez seja meu karma, nunca saberei. Mas algo de muito forte em mim atrai caras que pensam que podem me fazer de besta.
E até fazem mesmo, porque se tem uma coisa fácil nesse mundo, essa coisa é me enganar. Mas não dura, porque sou besta, mas sou vivida quase 30, né. Já aprendi a perceber quando estou no papel de trouxa e daí pra desmontar o teatrinho é rapidão.
Só que até perceber, eu acabo fazendo uma coisa ou outra que depois, quando o teatro acaba, fico imaginando as risadas enquanto ele conta, vitorioso, que mentiu pra mim, saiu escondido, deu em cima daquela amiga, ficou com outra e quando chegou em casa eu tinha deixado mensagem dizendo que amava e estava com saudade. hahahahahaha Que otária!
Pois é. Sou bastante otária, mas é assim que o coração das otárias vai ficando mais e mais frio.
É sendo fofinha e se fodendo que a gente aprende (a gente, no caso, eu. Só quis criar um tipo de coletividade pra eu não me sentir tão sozinha nesse papel de trouxa que andei fazendo).

***
Trilha Sonora: Tava fazendo nada aqui e percebi que nunca tinha ouvido o tal canto das baleias. Fui procurar na internet e claro que encontrei, porque a internet só não tem disponível o manual pra eu aprender a não ser idiota em 3 passos simples. O link pro canto das baleias eu não vou dar, não, que já fechei e quem quiser que procure porque eu sou idiota, mas não sou escrava de ninguém.
Esse foi o passo 1 do manual "como deixar de ser idiota". Não tinha na internet, então estou escrevendo ele.

terça-feira, 12 de agosto de 2014

Dafiti: Não recomendo

Faço compras na internet há quase 10 anos. Já paguei por boleto, depósito, cartão de crédito, débito direto e, o mais importante, embora nem sempre eu tenha recebido os produtos, eu nunca perdi dinheiro. Todas as vezes que algo de errado aconteceu no meio da transação (produto em falta, falha no pagamento, cancelamento do pedido...), meu dinheiro foi devolvido prontamente ou, quando não era o caso de devolução, nenhuma cobrança chegava a ser feita.
Então, se me perguntarem o que eu penso de compras on line, eu digo com certeza: recomendo! É cômodo, é prático e é seguro. Desde que - sempre há um porém - você saiba de quem está comprando.
Estou acostumada a comprar em lojas grandes, conhecidas ou, quando não as conheço, que tenham a indicação de alguém que eu conheça ou que estejam dentro de sites maiores, como Tanlup.
Um detalhe é que, em todos esses anos, eu nunca arrisquei comprar roupas ou sapatos pela internet. É que já tenho problemas para achar roupas e sapatos que me sirvam em lojas físicas, onde posso entrar e provar, daí, pra evitar a fadiga e o risco de perder dinheiro, sempre preferi não comprar on line.
Até que, dia 14/07, me apaixonei por uma sapatilha (em promoção! Melhor ainda!) no site da Dafiti.
Minha irmã, também acostumada a comprar on line, já tinha comprado na Dafiti algumas vezes e elogiou o bom atendimento e o serviço de troca de produto deles.
Se ela recomendou, deve ser bom, né? Aham.
Comprei. Paguei por boleto no mesmo dia e esqueci. De verdade. Esqueci que tinha comprado.
Acontece que minha irmã comprou um sapato no mesmo dia que eu e, meu amigo! não prometa nada para a minha irmã! Principalmente um sapato! Ela não esqueceu. Só ficou calada riscando os dias no calendário dela.
Então, dia 31/07, ela me chamou no chat do fb e perguntou "E o sapato? Chegou?". Por uns minutos achei que fosse alguma surpresa e ela ia me dar sapatos. Oba! Mas aí me lembrei.  
- Chegou nada. Pra quando era?
- O prazo era até segunda.
- Ah, hoje é quinta, então pode chegar amanhã ou na segunda ainda.
- Não, cabeça. Era até segunda passada. Estourou o prazo já.
Ah, mano! Não me dê prazos que você não pode cumprir! Não me faça promessas que não pode sustentar.
Fui vasculhar o site em busca de informações.
Depois de rodar por uns minutos, sem notícia alguma do status do meu pedido, achei uma notinha, no alto da tela, numa linha preta discreta (pra mim, sinceramente, pareceu uma linha de aviso de 0800 ou "Faça aqui o seu login", estilo o da Saraiva) falando que estavam aprimorando os serviços e que informações sobre o status das compras podiam ser encontradas ali. É. Não estavam na área "Meus Pedidos" ou "Minha conta", como TODO SITE faz. Estavam em um cantinho bem discreto, no topo do site.
Já comecei a me irritar aí. Se o cara tem o campo "meus pedidos" por que caralhos não coloca ali todas as informações a respeito dos meus pedidos? 
Ok. Vai ver eu que sou meio cega e não achei antes. Vamos ver, qual o status do meu pedido...
"Pagamento Aprovado"
Sério? Lógico que foi aprovado, cacete! Paguei por boleto, no mesmo dia da compra. Se o dinheiro saiu da minha conta e não voltou, é porque entrou na conta da loja. Agora me diz uma novidade.
Demorei mais uns bons minutos procurando uma informação mais concreta, algum lugar para rastrear a compra, saber onde o Correio havia enfiado o meu sapato (não responda!), qualquer coisa. Nada.
Por fim, fui cuidar da minha vida e resolvi aguardar um contato da loja ou o tio da transportadora bater no portão com os sapatos.
Quando foi dia 02/08, já estouradíssimo o prazo de entrega, me mandaram um e-mail avisando que, Opa! Malz aê, não vai ter sapato pra você, viu, querida? Mas toma aí um vale-compras no valor que você mesma já tinha nos dado pelo sapato que nós não vamos te entregar. Um vale-compras, amiga! Olha que bondade! Você pagou esse exato valor, não recebeu merda nenhuma, mas vamos te dar um vale-compras porque somos muito legais e super bonzinhos. Aceita essas mangas também como prova de amizade
No final, o aviso que se eu quisesse alterar a forma de restituição, era só responder ao e-mail deles.
LÓGICO QUE RESPONDI! Não quero vale nenhum! Eu comprei sapatilhas! Dei um valor em dinheiro para ter em troca um par de sapatilhas. É assim que funciona o comércio no sistema capitalista.
Pedi meu dinheiro de volta assim que vi a mensagem deles, no dia 03/08. Aguardei.
Aguardei mais.
Aguardei mais um pouco.
No dia 10/08 me mandaram outro e-mail pedindo meus dados bancários para prosseguirem com a devolução do meu dinheiro. Passei tudo no mesmo dia e até o momento o status é aguardando.
Quer dizer que no fim das contas, além da canseira pra receber o produto que eu comprei e NÃO vou receber, ainda estou tomando outra canseira pra ter de volta meu dinheiro.
Não é nem R$ 30,00 então, veja bem, não estou reclamando de valores. Estou reclamando porque é MEU. Estou reclamando porque, como disse no começo do post, compro há anos pela internet e nunca tive problemas com loja nenhuma. Desde lojas grandes até lojas de "fundo de quintal", pequenas, que só trabalham com produção sob encomenda. Quando acontece de não ter um produto, a loja é ágil para avisar e propôr uma troca por outro produto ou devolução do valor pago.
Gente, isso aqui é internet, é o mundo da máquina! As coisas funcionam num piscar de olhos. Eu mando a mensagem aqui e em poucos segundos ela está aí. Só depende da boa vontade de quem vai responder para que o retorno seja na mesma velocidade.
E, nesse caso, não houve boa vontade, não houve agilidade, não houve competência.
Se a loja não tem o produto (ok, produtos esgotam, acontece), tem que ser muito rápida para dar esse retorno ao cliente e ele poder ter a escolha que for mais adequada ao caso dele. Não era o meu caso, mas e se eu fosse dar essa sapatilha de presente? E se eu fosse usar numa festa? A gente compra e paga esperando receber o produto. Se ele não vai chegar, a loja tem obrigação de dar uma alternativa rápida para a falha deles.
Enfim, não costumo fazer post desse tipo aqui, mas eu também não costumo ter problemas com as compras que faço.
A lição que fica pra mim é: nunca mais comprar na Dafiti.
E, se alguém me perguntar ou cair aqui por acaso, tá aí a novela (aguardando o final feliz que será quando meu dinheiro voltar pro meu bolso). Compre por sua conta e risco.


***
Trilha Sonora: I Got You Babe - Cher & Sonny. Minha preferida pra cantar sem parar quando quero irritar alguém.

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

8 on 8 (que agora é 6 on 6) #2

Como podem ver, o projeto mudou e agora virou 6 on 6. É que duas meninas precisaram sair e a coisa toda teve que ser reorganizada.
A regra agora é: 6 fotos, dia 6, 6 blogs parceiros.
"mimimi mas já é dia 7, passou da meia noite"
Sim, passou da meia noite, mas eu ainda não dormi e meu corpo ainda acha que é dia 6, então pronto.

O tema desse mês é:
Meu Dia

Como meus dias são sempre muito parecidos, fui tirando fotos durante o mês todo, meio que resumindo o que faço sempre.



Fim de semana é assim, 48h com a Alice grudada em mim. Na foto, literalmente no meu pé. E eu adoro! Trabalho a semana toda esperando chegar a sexta pra começar o grude com a minha pequetuxa.



Minha dose diária de açúcar: um Prestígio e uma paçoca. O problema de ter conta na cantina da escola é que falta de dinheiro não é desculpa para manter os doces longe do meu estômago de gorda. E o papel de parede do celular foi obra da Alice, o Bot do Umizoomi. Não sei como ela conseguiu, mas com meia dúzia de porradas na tela do celular, ela salvou a foto que estava aberta no Google Imagens e redefiniu meu papel de parede.


Quando meu expediente começa, lá pelas 11h da madrugada e eu ainda estou caindo de sono, desejando minha cama e pensando se eu deveria mesmo ter saído de casa...


 Quando termina, 19h, e tudo o que eu quero é fechar logo a escola, pegar minha bolsa e sair correndo pra chegar em casa, jantar e ver a Alice.


Meu tênis sujo, companheiro de aventuras em 90% do meu tempo. A pose do pé torto é clássica desde que eu era criança. Tenho as pernas até meio desalinhadas por causa desse hábito do pé pra dentro.


E a última e mais recente. Hoje recebi minha primeira encomenda internacional. Sempre compro (e MUITO) pela internet, mas não tinha coragem de comprar de lojas além das fronteiras nacionais verde-amarelas, até que me apaixonei por uns adesivos para fotos da Fuji Instax (outro dia mostro, em outro post) e resolvi comprar. Não me arrependi e vou comprar mais, já que o medo foi vencido.

Então, esse foi o resumo em 6 imagens da loucura super movimentada que é o meu cotidiano. Aposto que você, querido leitor, ficou até com inveja dessa agitação que é minha vida, né? Pode falar. Eu sei que pareceu super divertido.
Err... Pensando bem, não fala nada, não. Guarda essa inveja pra você e só me fala se ainda posso continuar brincando de 6 on 6. Posso ou vocês estão rindo demais  com muita inveja dos meus dotes fotográficos também?


***
Na realidade eu pretendia preparar o post hoje, para ele ser publicado dia 8, mas com a mudança de data quase em cima da hora, não tive tempo de programar e ficou meio corrido. As fotos eu já tinha, porque fui tirando ao longo do mês, mas a parte de sentar e escrever é uma tarefa mais complicada pra quem tem uma criança pequena que adora usar o notebook emprestado pra assistir Yo Gabba Gabba-Pingu-Caillou-Go Diego Go-Barbie-Bubble Guppies-Dora Aventureira. Um em seguida do outro. Todo dia. É. Sei cantar todas as músicas deles em, pelo menos, 2 idiomas diferentes. Sim, me orgulho disso.


***
Aproveitem para visitar as outras meninas do 6 on 6:



***
Trilha Sonora: Uma música do Umizoomi, claro, não pára de tocar na minha cabeça desde que cantei ela com a Alice hoje. "Todas as pesso-as Não podemos deixar ninguém de fora! Todas as pesso-as!"

sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Agosto - Simoninha



Só pra combinar com o mês que começa hoje. =)



"As coisas que eu penso e que ninguém quer entender
As coisas que eu faço e que ninguém deseja ver
É por essas e por outras que eu preciso de você
Só você sabe como e porque"

quinta-feira, 31 de julho de 2014

Quando Uma Música Vira Mais Que Uma Música

Pensei mil vezes antes de participar desta blogagem coletiva do #Rotaroots, falando sobre a primeira vez que ouvi minha banda preferida. Adorei o tema, mas não estava conseguindo escolher uma banda só. Não tenho uma preferida, porque ouço muita coisa e a maioria das coisas que ouço, eu nem lembro mesmo como conheci.
Basicamente minhas histórias de amor começaram vendo algum vídeo na MTV ou ouvindo alguma música nas rádios que eu ouvia no fim dos anos 90/começo dos anos 2000.
Naquela época, sem internet, era mais complicado saber mais a respeito das bandas e a solução era ler muitas revistas sobre música e ficar com uma fita sempre no ponto pra apertar o Rec no vídeo e gravar qualquer coisa que surgisse de repente na TV. Era uma corrida maluca que eu disputava sozinha na modalidade levantar-correndo-do-sofá-me-jogar-na-frente-do-vídeo-apertar-rec, tudo em questão de 2 segundos, no máximo.
Foi assim que eu consegui gravar o clipe de Cochise, do Audioslave, em uma das primeiras vezes que ele passou na MTV.
Um dos clipes mais lindos! Esse efeito dos fogos, o abraço entre eles... tudo muito lindo!
(gif retirado daqui)
Audioslave é uma das bandas que eu mais gosto e Like a Stone, que foi lançada depois de Cochise, foi a música deles que eu mais ouvi. Não lembro exatamente como eu fiquei sabendo da união entre o Chris Cornell e o pessoal do RATM, só sei que me empolguei demais e virei fã no mesmo minuto, esperando ansiosa pelo lançamento do CD e dos clipes.
Apenas um amigo meu dividiu comigo e na mesma intensidade a paixão por eles. E foi com esse amigo que Like a Stone ganhou um significado novo pra mim e, a partir dela, consegui forças para encarar sorrindo um período complicado da minha vida, no fim da adolescência, quando mudei de cidade e me vi completamente sozinha de amigos, com mil coisas na cabeça e bilhões de sentimentos confusos no coração.
Um dia, acho que já falei a respeito aqui, esse meu amigo colocou Like a Stone pra ouvirmos ("só porque você gosta", ele disse) e pediu que eu não fosse embora para tão longe, me ofereceu abrigo e ajuda para achar emprego, na esperança que isso fizesse eu me rebelar e fugir da mudança que minha família estava prestes a fazer. Óbvio que não pude aceitar, óbvio que sofri por meses com a lembrança dessa cena e ouvi Like a Stone milhares de vezes enquanto pensava naquilo tudo.
Superei essa fase, superei esse amor (ou vai me dizer que não tinha dado pra entender que rolava um amor unilateral nessa amizade?), mas essa música ainda significa demais pra mim e pensando em histórias para contar sobre a primeira vez que ouvi tal banda ou tal música, não me veio nada mais marcante na cabeça, a não ser essa história. Não foi a primeira vez que ouvi, mas foi quando ela começou a significar algo mais forte pra mim.
Hoje já não ouço mais com tanta frequência, mas sempre que ela entra por acaso numa sequência de músicas aleatórias, não posso negar, o frio na barriga e a lembrança de tudo o que vivi naquela época voltam por alguns segundos e sorrio por dentro.

***
O tema deste post foi proposto lá no Rotaroots, o grupo de blogueiros que está promovendo muitos agitos nas tardes desta galerinha alto astral da blogsfera. Interessou? Quer brincar também? Curta a página, peça acesso ao grupo e conheça os outros blogs participantes. Garanto que é super legal!


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Trilha Sonora: Cochise fica tocando mentalmente na minha cabeça sempre que falo dela. Ainda bem que a voz do Chris Cornell é deliciosa.

sexta-feira, 18 de julho de 2014

5 Coisas Para Fazer No Inverno

Inverno é coisa linda de Deus pra quem tem pele oleosa e não curte muito tomar sol e se divertir na praia, o que é exatamente o meu caso.
No frio você pode fazer tudo o que pode fazer no calor, só que sem a sensação de estar derretendo e, mais importante, sem ficar fedendo e suando com meia hora de esforço físico.
Mas de tudo o que faço no inverno, o que mais gosto é:

* Dormir com dois cobertores
Se você me chamar pra dormir na sua casa, favor providenciar um cobertor, porque não consigo dormir direito se estiver descoberta ou se estiver coberta com um lençolzinho fino. Gosto de sentir o peso das cobertas em cima de mim pra ter uma noite tranquila de sono.
* Me vestir como gente
Não sou exatamente a pessoa mais vaidosa do mundo, mas no inverno acho muito mais fácil me vestir bem e até usar maquiagem. A roupa é quase sempre mais elegante, o blush não some, a sombra não escorre, o lápis de olho não borra e o cabelo colabora mais. Fico até parecendo uma moça. A menos que eu esteja em casa, porque aí eu adoto o mendigo style e meus dias viram a Mulambo Fashion Week, com meias por cima da calça, moletons velhos e calças furadas, o que também é bastante agradável e confortável, apesar de não ser bonito.
* Sopa
Mano. Eu amo sopa. Sério. Amo sopa. Por mim eu viveria de sopa. Até tomo no calor se minha mãe inventa de fazer, mas no inverno ela tem o poder de literalmente aquecer por dentro. Sopa, caldo, creme, Vono, tanto faz. Pratos fundos e canecas gigantes viram meus melhores companheiros. Eu realmente amo sopa. Muito.
* Banho quente
Não ligo de tomar banho frio se precisar, mas sempre que possível escolho o banho quente. Só que no calor é meio ruim, porque já fico derretendo o dia todo e entrar no chuveiro é o único jeito de refrescar. No inverno é exatamente o contrário: já estou quentinha de agasalhos, então tomo banhos bem quentes, daqueles de fumaçar o banheiro todo, me visto lá dentro mesmo e continuo aquecida. Sem contar que banho quente relaxa os músculos que ficam bem mais tensos no frio e tem coisa mais gostosa que sentir as costas relaxando enquanto a água cai?
* Fumacinha com a boca
Por quê? Porque acho divertido, oras.

***
Esse mês o Rotaroots colocou 3 temas bem legais para os memes e até pensei que faria todos, mas acho que não vai rolar por motivos de: um deles é sobre a banda favorita e, sinto muito, mas não posso escolher uma só.
Fiquemos com esse por enquanto e, se eu achar um jeito de responder tudo, posto até o fim do mês.

***
Trilha Sonora: No Excuses - Alice in Chains. "And if we change, well I love you anyway"

Cachorro Mudo

Chegou aqui a avó, o neto de uns 4 anos e um filhote de cachorrinho choramingando. Uma pessoa foi mexer com o cachorrinho e, naquela atitude típica de quem vê (e gosta de) filhotes humanos ou peludos, começou a falar com voz fininha:
- Oh! Que coisinha mais bonitinha, bebê! Você tá chorando? Por quê? Por que tá chorando, coisinha fofinha? *mimimimimi*
O netinho, olhando a cena, disse, bem sério:
- Ele não fala.
PAF!!!
Crianças e sua objetividade. Tem como não amar?

***
Trilha Sonora: Só Agora - Pitty.

quarta-feira, 16 de julho de 2014

Bagagens

Quando você entra em um relacionamento, você não chega de mãos abanando. Ninguém chega, mesmo que seja o primeiro relacionamento, você traz a sua experiência de vida, o que aprendeu observando relacionamentos alheios, os seus pais, os amigos, o casal fictício da série que você acompanha, o casal de pinguins que você viu no documentário da aula de ciências.
E essa experiência que a gente carrega é o que nos faz buscar isso ou aquilo em uma outra pessoa. Não é do nada que você quer o que você quer, seja lá o que for que você queira.
Minha bagagem é pesada, admito. Não que eu tenha me relacionado muito ao longo dos meus 28 anos. Muito pelo contrário. O problema é que os poucos relacionamentos que tive e até o relacionamento que sonhei anos e não vivi me deixaram marcas profundas demais. Fui feliz, sofri, aprendi, superei, mas não apaguei nada.
Já me disseram que eu estava castigando uma pessoa pelos erros de outras pessoas. Sim, sou dessas. Me fecho e me protejo do que pode nem acontecer, apenas baseada no que já aconteceu. É que sempre há a possibilidade. Até que me provem o contrário (e nunca provaram) os erros podem sempre se repetir, mesmo que o autor do erro seja outro, mesmo que a intenção seja diferente, o erro pode sempre acontecer duas, três vezes e mais, enquanto eu permitir que aconteça. E "permitir" não é me culpar pelo erro do outro. É dar tempo para que ele aconteça antes que eu pule fora e termine a relação.
Com cada relação que termina, adiciono mais alguns itens na minha bagagem e o próximo que entrar na minha vida precisará ser sempre mais forte que o anterior, porque ele vai ter, sim, que aguentar essa bagagem enquanto não provar que posso me desfazer de tudo e começar do zero. Ou quase do zero, porque vou sempre acreditar que algumas coisas a gente não pode se desfazer de forma natural e sem dor. Como os quilos que ganhamos depois dos 20 anos, as marcas que outras pessoas nos deixam são pra sempre e, de certa forma nos moldam e nos tornam o que somos. Para o bem e para o mal.
Então, se eu fiz alguém sofrer pela bagagem deixada por outros, pode ter certeza, farei o próximo sofrer também pelo que foi deixado agora.
É como um karma a ser pago por outras pessoas. Você comete o erro, mas quem paga é alguém que ainda nem sabemos quem.
A má notícia é que essa bagagem não tem rodinhas e fica cada vez mais pesada.

***
Trilha Sonora: Rooster - Alice in Chains.

quinta-feira, 10 de julho de 2014

Sobre o Cabeçalho Cagado

Só pra avisar aos leitores (oi, leitores!) que estou tentando mudar o cabeçalho aqui e ainda não ficou do jeito que quero. A imagem é essa, até que me mostrem ou façam uma melhor. O problema é que estou apanhando para fazer ficar do tamanho que quero sem ficar assim, torta, "esmagada".
Se alguém souber resolver, dá um socorro aqui  (comentários, e-mail, fb, skype, qualquer coisa). Caso contrário, acostumem-se até eu ter tempo de mexer nisso de novo.
Até eu ter tempo = dormir, acordar, cuidar da minha filha, cuidar das minhas coisas, esperar a pequetuxa dormir e aí, sim, voltar aqui pra resolver.
Então, até lá, não olhem muito pro alto do blog.
Obrigada, de nada, beijo, até mais.

***
Apanhei, mas ajustei o tamanho sem perder a qualidade da imagem. Só preciso acertar umas coisinhas depois e aí ficará exatamente como quero.
Se alguém tiver alguma dica ou sugestão, já sabem (comentários, e-mail, fb, skype, pombo correio, etc e tal).
Volto a mexer quando eu tiver tempo de novo, o que deve acontecer na próxima madrugada.
Até lá, admirem meu trabalho de colagens (usando imagens quase todas achadas internet adentro e se você for o dono de alguma delas ou souber quem é, PELO AMOR DE DEUS, NÃO ME PROCESSA! Fala comigo e eu tiro a imagem ou dou os créditos necessários) e aplaudam minha paciência, porque isso demorou pra porra até chegar nesse resultado.

***
Trilha Sonora: Alanis. Overdose de Alanis essa noite.

terça-feira, 8 de julho de 2014

8 on 8 #1

Dias atrás, através de um tópico aberto no Rotaroots, entrei pra um projeto de fotografias. É um 8 on 8.
- É um o quê, fia?
8 on 8. Poderia ser 6 on 6, 7 on 7, 9 on 9, etc...
Funciona assim: 8 pessoas postam 8 fotos no dia 8 sobre um mesmo assunto (mesmo que seja tema livre, será tema livre pra todos).
Decidimos usar a estação que nos inspira como tema para fotografar.
Antes das fotos, um aviso: não sou fotógrafa profissional e nem amadora, já que 90% das fotos que costumo tirar são da minha filha e 95% delas não fica legal o bastante para um porta-retrato. Só sei apertar o botão de disparar e essa é toda a minha técnica nessas fotos. Algumas fotos (vou avisar nas legendas delas) não ficaram com a luz legal, então coloquei filtro nelas pra dar uma ajeitadinha.
Então, todos avisados, vamos aos cliques:

Season Favorites
A estação que me inspira é o inverno. Bom pra sair de casa, pra dormir, pra ficar sozinha, pra namorar, pra engordar, pra emagrecer (quando tá muito frio, me recuso a sair da cama pra beliscar no meio da noite)... Por mim, no Brasil teria até neve.

 Resumo das minhas noites: cobertor e internet.

 Adoro o céu meio cinza do inverno. Não é cinza pra chuva, mas não é azul pra sol. Foto tirada do quintal da casa da minha madrinha, em Pirapora-SP.

 Tá aí uma coisa que sempre quis e nunca tive, até ganhar de presente esses dias: luvas. (foto com filtro)

 Andar de meia pela casa. Muito cara de infância, né? Alice faz isso sempre, já que se recusa a usar chinelo. 

Não gosto de sol, mas no inverno, quando fica aquele geladinho dentro de casa, adoro achar um pedacinho de sol pra me esquentar uns minutos. 

Ficar agarrada em quem a gente ama é quase impossível no verão, todo mundo grudando e suando e brilhando a testa oleosa e ECA! Nojinho! Mas no inverno dá pra ficar de mãos dadas pra esquentar, dá pra dormir abraçado, dá pra sentar pertinho e dá até pra respirar sem medo porque o perfume até dura mais. 

 
 Dormir de meia é gostoso, mas dormir de pantufa ou com esses sapatinhos que a Alice usa, é coisa linda de Deus! Você dorme e acorda com o pé quentinho e ele não cai no meio da noite, como acontece com as meias quase sempre. E isso só é possível no inverno (a menos que você não se incomode de acordar com o pé suando no verão).

E por último, uma das partes que mais gosto do inverno: me agasalhar! Adoro usar casaquinho e só consigo usar quando esfria. Daí aproveito e até me arrumo mais bonitinha. E sobre a minha cara de tédio, é porque eu estava trabalhando, fim de expediente, nada pra fazer e, principalmente, não sei e nem gosto de selfies. (dá pra ver que tem filtro aí, né? É, pesei a mão pra esconder o máximo possível da minha cara de "não estou me divertindo".)

Agora, as outras meninas que estão participando do projeto:

Marô
Raquel
Ana Luiza
Marta
Katharine
Aline
Sabrina

***
E então, como me saí nessa nova empreitada? Muito ruim? Mês que vem dá pra participar de novo ou é melhor cair fora antes de passar mais vergonha? Critiquem à vontade. Estou querendo aprender a fotografar e vai ser bom ouvir umas dicas. Aproveitem que não vou me ofender.  ;)


***
Trilha Sonora: I'm Like a Bird - Nelly Furtado. Acho que é a música dela que mais gosto. Tão diferente das outras coisas que ela gravou depois, que nem parece a mesma cantora.

sábado, 5 de julho de 2014

Velhos Hábitos

Outro dia estava distraída, trabalhando, quando me peguei torcendo meu dedo indicador em busca de um anel que eu costumava usar no polegar da mão direita.
Acontece que não uso anéis há mais de um ano. Mas me peguei buscando o tal anel do polegar e estranhei por alguns segundos quando não o encontrei ali, preso ao meu dedo, preso a mim.
Estranhei e, como num pulo de espanto dentro do meu peito, pensei rapidamente "perdi!" e antes de concluir a retrospectiva dos lugares onde eu poderia, talvez, ter deixado o anel, me lembrei que aquele anel que eu estava procurando estava guardado, bem guardado no lugar onde eu mesma resolvi guardar.
Logo que tirei do meu dedo, eu costumava fazer o mesmo movimento do indicador em direção ao polegar, mas não para buscar a peça ausente. Fazia para sentir a marca que ficou depois de tantos anos com ele ali, me apertando quando eu engordava um pouquinho, me distraindo enquanto eu o girava segurando com os dedos da outra mão, enfeitando minha mão de dedos curtos e gordinhos.
Acostumei a não tirar. Não tirava para tomar banho. Não tirava para lavar louça. Não tirava para combinar uma roupa ou outro acessório. Tudo devia combinar com ele, tudo seria adaptado ao estilo dele e eu não precisaria tirá-lo, eu decidi. Era só adaptar todo o resto à minha volta para que combinasse com ele.
Só que um dia eu precisei tirar o anel do dedo. Tirei e guardei na caixinha de jóias. Continua lá.
De vez em quando eu sinto a falta dele agarrado tão apertado no meu dedo que nem parecia que não era parte de mim.
Me esqueço que escolhi colocar e escolhi tirar. É quando abro a caixa onde o guardei, tiro, admiro, tento colocar no meu dedo e percebo que não me serve mais, não combina mais com o resto das coisas que uso. Talvez até entre, mas tenho medo que não saia nunca mais e acabe necrosando meu dedo ou me obrigando a usar uma serrinha para tirá-lo aos pedaços.
Então o devolvo no lugar dele e afirmo pra mim, numa tentativa de desapegar: "esse anel não serve mais no meu dedo".
Não é que eu não queira usar ou não goste mais dele. Só não serve mais no meu dedo como antes. E é só isso.

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Trilha Sonora: Grão de Amor - Arnaldo Antunes e Marisa Monte. Coisa linda essa música e esses dois cantando juntos.

terça-feira, 10 de junho de 2014

O Meu Brasil Pra Gringo Ver

Nunca saí do país (posso dizer que nem do estado de SP eu saí, porque a única vez que pisei fora do limite de estado foi por algumas horas, só pra ir até o Paraná, que é aqui do ladinho, na formatura da minha irmã).
Só que ninguém precisa ter o passaporte cheio de carimbos pra saber qual é a imagem que os gringos têm de nós. Basicamente: carnaval, samba, mulata, e futebol. Isso com a floresta amazônica ao fundo e um copo de caipirinha na mão.
Mas quem é brasileiro sabe, o Brasil é muito mais que isso. E o Brasil é muito mais que muita coisa para cada um que vive aqui.
Se eu fosse guia turística, mostraria para os turistas o seguinte:
* Culinária basicona do Brasil. Nada das comidas baianas que todo turista conhece, nada do brigadeiro que já virou produto gourmet lá fora, nada da feijoada que toda escola de samba faz nas quadras pra engordar visitas. Eu mostraria o nosso arroz, feijão, bife e batata frita com saladinha de alface e o temperinho made in Brasil mesmo. E empadinhas de boteco. Coxinha não, que já virou estrelinha também. E escondidinho de carne seca com mandioca. E carne seca com cebola. E, a comidinha clássica da minha infância, ensinada pelo meu avô: arroz, feijão e farinha pra fazer bolinho e comer com a mão.
* Música brasileira além da Bossa Nova e Samba. Quando penso em música com cara de Brasil, Cordel do Fogo Encantado me vem na cabeça no mesmo instante. Acho que existe pouca coisa tão verdadeiramente brasileira do que Cordel. Já começa no nome da banda, fazendo referência à Literatura de Cordel, que apesar de ter vindo de Portugal, ganhou a cara do Brasil quando se popularizou no nosso Nordeste. Outra banda bem Brasil é Nação Zumbi.
São estilos que se parecem um pouco com ritmos africanos por causa da percussão bem marcada. Mas, como o Brasil adota um pouco de cada cultura e molda com a nossa cara, não tem nada mais brasileiro do que a música feita por essas bandas estilo Cordel e Nação Zumbi.
* Botecos. Acho que não tem em outro lugar boteco estilo os brasileiros. Tem pub, tem cafeteria, tem restaurante, tem lanchonete, mas botecão, aquele "pé sujo", com estufa de salgados e mesinhas dobráveis com logo das cervejas, isso só tem aqui. Ou não? Mesmo que tenha em outros lugares, o estilo botequeiro (eu disse boTEqueiro. Favor não ler errado) é uma coisa muito nossa.
* Pastel de feira com caldo de cana. Preciso explicar? Fica até numa categoria fora da culinária, porque não é SÓ comer o pastel e tomar caldo de cana. Tem toda a coisa de ir andar na feira, ouvir a gritaria, esbarrar nos carrinhos, escorregar num tomate caído no chão, sentir o cheiro dos temperinhos moídos na hora... É uma experiência sem comparação.

Então, turistas que queiram conhecer o Brasil fora do tradicional "carnaval+feijoada+mulata+floresta+futebol", procurem minha agência de viagens e agendem seus passeios.
Mentira.
Mas se quiserem impressionar uma galera gringa, experimentem minhas dicas. Acho difícil isso falhar e não fazer um estrangeiro se apaixonar pelo menos mais um pouquinho pelo Brasil.

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#VaiTerCopaSim - Outro tema proposto pelo Rotaroots.

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Trilha Sonora: Sem música hoje.

domingo, 8 de junho de 2014

Um Meme e Um Grupo

Internet Old School
A proposta desse meme é falar sobre o que eu fazia quando comecei a usar internet.

Em 1998...1999 meu pai chegou em casa com um trambolho chamado computador. Não sei quais eram as configurações, mas sei que ele rodava um Windows 95 e era de segunda mão, logo, não devia ser nada muito extraordinário em termos técnicos, mas era extraordinário porque, mano! era um computador de verdade! Igual aos que a gente só via em agências bancárias e filmes americanos.
O primeiro computador que vi e "mexi" na minha vida foi na casa de uma amiga da minha mãe, mas ele estava com algum problema ou tinha senha e por isso não chegava a sair da tela inicial do DOS, onde ficava escrito Energy Star com o desenho da estrelinha. Ele era usado pra brincar de escritório, mas na verdade não fazia coisa nenhuma, já que, além de não funcionar, a gente nem sabia o que podia ser feito com ele.
Então, voltando ao meu primeiro computador, quando meu pai chegou em casa com ele e vimos que um computador tinha mais coisas além da tela preta com o desenho da estrelinha, ficamos maravilhadas! Eu e minha irmã fuçamos em tudo o que pudemos: paciência, copas, free cell, campo minado, protetor de tela, papel de parede editável... eram tantas as possibilidades! Mentira. Era bem pouca coisa, mas era muito legal.
Pra ter uma noção, a gente nem tinha mesa pra colocar o computador e ele passou anos em cima da mesa de jantar mesmo, ocupando um lugar que nunca podia ser usado por alguém que quisesse comer na mesa.
Algum tempo depois meu pai apareceu com um CD de joguinhos. Nos divertíamos mais ainda! Super tecnologia!
Até que, um dia, ele chegou com um disquete em casa com um adesivo de um ursinho e o nome Bimba. 
Pausa dramática: pelo amor de Deus, se alguém souber o que era esse tal Bimba, me explica, porque até hoje não sabemos e meu pai não se lembra direito pra poder nos explicar. Só sei que funcionava como uma internet ou funcionava com internet, não sei bem. A gente colocava o disquete, uma tela preta abria, nessa tela tinha diversas opções de jogos, chat, piadas e...e...e... acho que era só isso. Mas pra época e pra nossa idade, era um universo de coisas.
Usamos aquilo por um tempo e depois não me lembro se cansamos ou se meu pai vendeu o computador e o tal disquete foi junto. Só sei que passamos um bom tempo sem ter nada parecido em casa e o máximo que tínhamos de tecnologia em casa era um Nintendo 64.
Fomos ganhar outro computador de novo em 2001. Só que nessa época, não sei bem o motivo, eu não usava e nem me interessava por ele. O máximo que eu fazia era jogar The Sims.
Internet mesmo, aquele medo de acordar a casa toda com o barulho da conexão discando depois da meia noite, aquela raiva da conexão cair no melhor da conversa no MSN, aquela alegria de ver que tinha scrap novo no Orkut e a emoção de receber um depoimento (testimonial) lindo... Tudo isso veio só em 2005, quando eu finalmente me interessei e  comecei a usar internet. E isso era basicamente o que eu fazia: MSN, Orkut, blogs... E o primeiro que eu li e comecei a acompanhar foi o Flocgel e, a partir dele, o Suburbia Tales e tantos outros que eu ia achando linkados em posts ou no blogroll deles. Assim foi o começo do meu relacionamento com a internet.
Fiz muitos amigos quando resolvi começar um blog e alguns eu trago até hoje como pessoas queridas.
Os caminhos e lugares mudaram um pouco desde que caí nessa rede mundial de computadores, mas os objetivos finais ainda são os mesmos: conhecer pessoas, conhecer coisas, conhecer histórias.
A internet era diferente antes? Era. Era melhor do que é hoje? Não, nem melhor e nem pior. Só era outra. Da mesma forma que eu era outra pessoa, nem melhor e nem pior.
Mas que dá saudade dá.

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Esse meme foi proposto pelo Rotaroots, um grupo super legal no facebook, que tá tentando resgatar o espírito blogueiro do passado, quando a internet tinha mais conteúdo inédito e os blogs eram mais atualizados do que hoje. Vale a pena conhecer, se você sente saudade da blogosfera de raiz.
Tem o grupo e tem a página, mas nenhuma delas tem o objetivo de divulgar blogs ou fazer trocas de link e parcerias. 


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Trilha Sonora: Na vibe coisas velhas, tô ouvindo Capital Inicial - Eu Nunca Disse Adeus.

sexta-feira, 30 de maio de 2014

Através do Espelho E O Que Encontrei Lá

Estava vendo no Catraca Livre sobre um projeto de uma fotógrafa que registrou o corpo de várias mulheres na gestação e as marcas que o parto deixou depois.
São fotos lindas, em preto e branco, sem photoshop, tudo muito delicado e transbordando maternidade (sabe relação de mãe e bebê, que só quem é mãe sabe? Aquela intimidade e amor puro? Então).
Fiquei olhando e pensando no que o parto fez com o meu corpo. Na minha dificuldade em aceitar as marcas que ganhei.
Falei disso poucas vezes desde que minha filha nasceu e, acho que das duas ou três vezes que falei, não senti nem metade do apoio que eu esperava e, por isso, me fechei mais sobre o assunto.
Nunca fui magra. Sempre fui de gorda a gordinha, passando por fases menos gorda, mas estando a maior parte do tempo no estágio gorda e ponto.
Quem é gordo sabe, o corpo não é só banha. É também estria e celulite. Tenho tudo. Já tive estrias roxas nas pernas, mas elas sumiram magicamente e só ficaram as estrias brancas, mas bem fracas, nem chamavam atenção.
Nunca me incomodei de verdade com a minha imagem no espelho. Podia olhar e não ficar satisfeita, aí fechava a boca por uns dias e perdia alguns números na medida do quadril e barriga. Mas eu sempre olhava meu corpo no espelho. Mesmo que procurando os defeitos, eu olhava meu corpo no espelho. Vestida, nua, depois do banho, me arrumando pra sair.
Durante a gravidez, eu não engordei como todo mundo imaginava e, pelo contrário, de certa forma perdi peso. Terminei a gravidez pesando pouco mais de 5kg além do que eu pesava no início, o que significa que o meu corpo perdeu gordura e ganhou peso de bebê+água+barriga. Como eu estava bem acima do meu peso, isso foi bom no fim das contas.
Acontece que, apesar da cintura estar mais fina, minha barriga estava tomada de estrias. Passei cremes conforme o médico recomendou, evitei tomar sol conforme todo mundo alertou, cuidei um pouco (muito pouco) da minha alimentação, mas não mudou nada. Quando a bebê nasceu, restou pra mim uma barriga flácida e cheia de estrias escuras.
Além disso, ela nasceu de uma cesárea, então ganhei também um corte cirúrgico logo abaixo da minha barriga e, por necessidade médica ou barbeiragem obstétrica (nunca saberei), uma tatuagem que tenho e me fazia gostar um pouco mais do meu corpo, foi estragada no parto porque o corte terminou bem em cima do desenho e depois que levei os pontos, ficou uma coisa meio remendada.
Tudo isso é coisa que ninguém vê e nem imagina se não tiver a oportunidade de me ver sem roupa. E tudo isso é coisa que nem eu vejo direito mais.
Há 1 ano e 7 meses eu não me olho direito no espelho. O corte da cesárea e a cicatriz que ela deixou, só tive coragem de olhar por poucos minutos há uns 2 meses. Todo o resto eu evito olhar. Tomo banho olhando pra frente, me visto olhando pra roupa, me arrumo sem me encarar no espelho e só foco o olhar nos detalhes que preciso num momento específico.
Tudo isso para dizer que não, não estou satisfeita com os efeitos da gravidez no meu corpo. Não é fácil aceitar uma cicatriz que eu nem sei direito como é. Não é fácil encarar minha barriga listradinha, mesmo que fotos na internet me encorajem a pensar que somente mulheres fortes como tigresas merecem listras no corpo.
Aí volto ao começo do post, às fotos das grávidas e mães recém nascidas. Como é estranha nossa mania de olhar o outro e conseguir ver beleza e graça nas exatas mesmas coisas que nós temos e não aceitamos... Como é hipócrita da minha parte, comigo mesma, admirar o corpo alheio e não ser capaz de encarar o meu próprio corpo com a admiração maior, justamente por ser o meu corpo.
E, por fim, se você, leitor ou leitora (mesmo que não comentem, eu sei que estão aí. O Analytics me disse), é do tipo infeliz ou traumatizado com o seu corpo, pára e pensa. Veja se não está cometendo com você a mesma injustiça que cometo comigo. Não tenho um conselho pra te dar e muito menos um final feliz pra esse post, nada como "então, a partir de agora amo meu corpo e me aceito e vou fazer topless na praia amanhã e vou usar blusa de barriga de fora e vou posar nua mês que vem". Nada disso. Continuo infeliz, insatisfeita e evitando me olhar, mas hoje, vendo as tais fotos, percebi o que estou fazendo. Se ter consciência dos erros já é o primeiro passo para a mudança, talvez esse seja um dia marcante. Se não for, valeu a reflexão e achei que devia dividir isso com mais gente porque, de vez em quando, a resposta para os nossos problemas está no espelho dos outros.

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Trilha Sonora: Tem uma melodia na minha cabeça, mas não sei se inventei ou se ouvi e não sei o nome. ;ou tô louca e nem tem nada.