Essa frase é um baita lugar-comum, mais manjada do que não sei o quê, mas é uma coisa que, cedo ou tarde, você acaba comprovando que faz sentido.
Quando você ama uma pessoa, você ama tanto que tem medo de perder, medo que a roubem de você, medo que ela vá comprar cigarros e não volte mais, medo que ela acorde num domingo qualquer e se dê conta que simplesmente deixou de te amar.
Deve acontecer com a maioria das pessoas durante o começo de um relacionamento que dá tão certo e, principalmente, após uma série de relacionamentos que não deram tão certo.
Quando você encontra aquela pessoa que te completa, que o beijo encaixa, que os perfumes combinam quando se misturam, que o abraço "fecha" direitinho, que o cafuné faz arrepiar até os pelinhos da sobrancelha, que as mãos parecem ter sido projetadas para não se soltarem mais... Quando você encontra A pessoa, toda a sua vida se divide em antes e depois dela. É incrível, é lindo, é gostoso, é... É assustador.
Você tem medo de coisas que talvez nunca cheguem a acontecer, mas quando a gente tem medo... bem, a gente tem medo e ponto final.
Aí você pega a pessoa pelo braço e a arrasta até uma caixinha de madeira com chave sem cópia. Tranca-a lá dentro e de hora em hora dá uma cutucada para ter certeza que ela continua lá, fechadinha na sua caixa.
Acontece que tudo que é vivo precisa respirar para continuar vivendo. Então a sua pessoa especial tem duas opções: se for um pouco esperta, vai armar um belo plano e fugir da caixa num momento de distração sua ou vai acabar morrendo lá dentro, sem ar.
E você? De um jeito ou de outro, você vai acabar se fodendo porque quem foge de um lugar é porque não tem intenção de voltar e muito menos teve vontade de ficar onde estava. E quem morre... Morreu.
Daí você faz isso de prender pessoas especiais algumas vezes durante a sua vida, porque graças a Deus, não temos apenas uma chance de amar e encontrar A pessoa.
Até que um dia, em uma dessas chances dadas por Deus, pela vida, por Alá, pelo destino ou seja lá o que for que controla (ou não) nossos caminhos; você encontra uma nova pessoa especial e vem a vontade de prendê-la também na sua caixinha.
Mas você já fez isso outras vezes e nunca deu certo, então que tal tentar algo novo? Que tal experimentar decorar a sua caixinha com belos tapetes e almofadas, TV a cabo, Wi-Fi, cama macia e boa comida, mas desta vez deixar a tampa aberta, sem chave nenhuma? Heim? Ensine o caminho, mostre que é legal morar ali, mas não a obrigue a viver naquele cárcere privado. Deixe claro que na sua caixa também se aplica o direito constitucional de ir e vir e deixe-a livre.
Acredite, e digo por experiência própria, quando a caixinha que você oferece é realmente boa de se viver, a sua pessoa vai voltar pra lá caso resolva sair um pouco para respirar e talvez nem saia para respirar porque, se a tampa estiver aberta, ela terá sempre o ar puro para inspirar e expirar o quanto quiser, sem limites, como deve ser o amor.
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Não confunda direito de ir e vir com o direito de trair a torto e a direito e nem com aquele termina e volta sem fim, que tudo isso chega uma hora que vira palhaçada. Ou melhor: pra mim isso é palhaçada de qualquer jeito.
E, um recado ao Sr. Namorado, que eu sei que vai ler e encher a cabeça de perguntas que ele sabe que eu não gosto de responder: a caixinha que você me deu agora, no namoro nº 2, é a melhor caixinha que já existiu nesse mundo: confortável, segura, arejada, bem decorada, espaçosa e muito especial. Precisei sair da caixinha antes, no namoro nº 1, para que você pudesse fazer uma reforma nela e me receber de volta. Agora eu não saio mais. Mas deixe a tampa aberta para eu ver o céu com você.
Te amo!
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