Eu sinto muito. Eu sinto muito o amor e eu sinto muito a dor. Quando eu amo, eu amo com força. Eu me jogo do último andar do amor e caio em queda livre, sentindo o ventinho no rosto, sentindo o corpo pesando rumo ao chão. Inevitavelmente chegarei ao chão. Pode ser que eu chegue ao chão e haja todo um aparato para evitar que eu me quebre toda e pode ser que haja simplesmente o chão. E ali eu me arrebento e também sinto muito a dor. Sinto cada ferida, cada osso quebrado, cada hematoma e, para ter certeza que eu realmente caí, eu aperto e cutuco e arranco casquinhas. Eu gosto de sentir muito. Há um prazer quase masoquista em sentir muito. Porque dói. Mas eu gosto. Eu chego ao meu limite. E chegar ao meu limite é o meu método de esquecer a dor. Ou me acostumar com ela. Como se cada segundo a mais de dor me preparasse para os segundos seguintes, até que eu esteja tão habituada a doer, que não já não importarei ou não sentirei mais nada. Então eu sei que poderei seguir em frente. Não que tenham sumido os sinais da queda. Eles estão lá e alguns serão eternos, mas eu me habituo e não ligo mais pra eles. Passam a fazer parte do meu corpo, como uma tatuagem feita para que eu olhe e me lembre sempre do motivo dela estar ali.
Eu sinto muito. Sempre sentirei muito e isso me deixa mais forte e destemida para as próximas vezes que eu me jogar do último andar do amor. Até que um dia, em uma dessas quedas, sentindo o vento no rosto e o corpo pesado, eu perceba que alguém me deu antes do pulo um pára-quedas pra que eu abra e me sinta segura para, finalmente, ao invés de cair, voar.
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Trilha Sonora: Until We Fall - Audioslave "Bought everything that sounded good I understand that I've been misunderstood"
domingo, 9 de abril de 2017
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