sábado, 2 de julho de 2011

Não Fazemos Trocas

Acaba de me ocorrer que passei esses vinte e cinco anos da minha vida sendo trocada. Desde trocas que, na verdade nunca aconteceram, até trocas explícitas e explicadas com todas as letras.
Sou a mais velha de quatro irmãos, logo, passei pela troca três vezes: fui trocada quando deixei de ser a filha única, bebê da casa e fui sendo trocada a cada novo irmão que nascia, porque, por mais que os pais digam o contrário, sempre há uma preferência pelo bebezinho recém chegado na família e pelo menos por uns tempos, os outros filhos são deixados de lado. Não estou reclamando do amor que recebi ou talvez tenha deixado de receber. É apenas a questão das trocas mesmo.
Depois fui trocada inúmeras vezes em relação a amizades. Você tem uma amiga que é a sua fiel escudeira até ela encontrar outra amiga e te trocar. Mas aí, normal também, acontece com todo mundo pelo menos uma vez na vida e, se formos pensar que também trocamos de amizades, me coloco do outro lado da história.
No amor então, nossa... Eu sempre fui trocada.
Teve um que me trocou pelos amigos, disse que estava se sentindo muito preso por causa do namoro. Na época eu dizia que havia sido trocada por um skate porque depois que levei o chute na bunda, tudo o que o fulano fazia era andar de skate.
Daí teve um que me trocou pela ex-namorada dele que, aliás, havia sido trocada por mim meses antes. Ele trocou e resolveu destrocar depois.
Teve um outro, que nem chegou a ser namorado, que me trocou pela vida de solteiro mesmo.
Teve esse agora que jura que não me trocou, mas o que eu sinto foi que fui trocada mesmo. Motivos justos, podem dizer se eu contar a história, mas pra quem é trocada o motivo nunca é justo.
Tem ainda uma troca anunciada que está prestes a ser concretizada, desta vez no meu atual emprego. Meu cargo será extinto dentro de alguns meses e eu serei trocada por algum funcionário novo que fará exatamente o que eu faço, mas vai ganhar mais do que eu ganho. Não é a primeira vez que isso acontece comigo, profissionalmente falando também, porque já fui trocada em outro emprego, anos atrás.
Tudo na minha vida termina ou muda radicalmente por causa de uma troca onde eu sou a moeda devolvida. Mas minha auto-estima me faz crer que sou a moeda devolvida simplesmente por causa da falta de atenção ou falta de inteligência de quem me troca. Sabe quando a gente dá ou pega um troco errado e vem a mais? Então. Eu sou o troco dado errado, mas sempre pra mais.
Prejuízo de quem devolveu.

***
Trilha Sonora: Grêmio Recreativo, na MTV, cantando umas músicas da Jovem Guarda agora.
(post escrito na última quinta-feira do mês, quando vai ao ar o Grêmio Recreativo)

2 comentários:

Gabi Romeiro disse...

amei ler isso. rs. preciso de um pouco da sua auto-estima.

Mila disse...

Passei tanto tempo fingindo que eu era uma moça bem resolvida, de bem comigo e feliz com o que eu era, que acabei acreditando nisso, Gabi.
Acho que o segredo é esse: minta até acreditar na sua mentira.
=)