domingo, 21 de setembro de 2014

Cardiopatias

Essa semana me perguntaram no trabalho:
- Nossa! Coração dói? Tô sentindo uma pontada aqui no peito.
Respondi:
- Até onde sei, não dói. Ou não deveria doer, né...
A pessoa devia estar perguntando "cardiologicamente" falando, referindo-se a uma dor que poderia ser tanto um anúncio de infarto quando gases. Quase sempre são gases.
Mas respondi pensando na dor que eu ando sentindo mesmo. Aquela dor que não deveria existir, mas insiste em doer. Aquela dor que não deveria existir, porque em algum momento te juraram que não doeria, mas dói. Em algum momento te imploraram para acreditar que nunca doeria, mas dói.
Todo problema cardíaco tem remédio. Mesmo que não tenha cura, tem remédio, tem dieta, tem tratamento, tem exame para detectar e prevenir. A dor que sinto não tem. Não tem médico que cure, não tem remédio que mascare, não tem tratamento que controle, não tem exame preventivo. Ela vem e dói. Só dói.
Um dia deixa de doer ou a gente acostuma com aquele incômodo. Ainda não sei bem o que acontece. O lado ruim (e tem lado bom?) desse tipo de problema do coração é que ninguém sabe explicar nada e todos os casos são inéditos. São sempre dores únicas, mesmo que elas pareçam ser as mesmas.
Só não deixam de doer. Doem muito.


***
Trilha Sonora: Juro que tem cantigas de roda tocando na minha cabeça num looping infinito e irritante. "da abóbora faz melado do melão faz melancia" ou alguma coisa assim.

Nenhum comentário: