terça-feira, 17 de março de 2009

Das coisas que a vida ensina

A maioria das pessoas tem a tendência de achar que sua história de amor é a mais linda do mundo.
Talvez seja linda, talvez seja comum, mas para o casal protagonista é sempre a mais linda do mundo.
Sou uma pessoa romântica por natureza, embora não pareça muito, e por isso eu sempre gostei de filmes "de chorar", cheios de beijos, romances impossíveis e alguns até com roteiros improváveis.
Eu sempre gostei também de ouvir histórias de como fulano e fulana se conheceram, como a vida juntou os dois depois de tantos contratempos, como os dois enfrentaram os problemas e provaram que o amor era maior, etc.
Adoro mesmo. Quer me deixar envolvida em um assunto, é chegar contando que depois de anos sofrendo, fulano e fulana finalmente conseguiram ficar juntos.
Também gosto de ouvir as histórias de amor tristes, apesar de depois ficar morrendo de dó da pessoa que sofreu. Como a história de uma senhorinha que eu conheci e morreu há pouco tempo, com uns oitenta e tantos (ou noventa?) anos, solteirinha da Silva. Porque ela teve um grande amor na adolescência, mas na mesma época em que ela era cotejada pelo tal rapaz, a mãe dela morreu.
Ela, como filha mais velha, se viu na obrigação de assumir a casa e os cuidados com a família pois queria evitar que o pai sentisse necessidade de ter outra mulher para tomar conta de tudo e que essa possível futura madrasta pudesse maltratar os irmãos menores dela. Para evitar que o pai se casasse, ela abriu mão do tal rapaz e se dedicou a cuidar dos irmãos, do pai, depois dos sobrinhos, dos sobrinhos-netos e, por fim, não teve tempo de arrumar quem cuidasse dela até o fim da vida.
Tem também a história da mulher que era divorciada, mas ainda sofria pelo ex-marido que não queria mais saber dela. Religiosa, ela ia às missas e coisa e tal. Um dia, o padre foi embora e o novo padre que veio para substituí-lo tornou-se um grande amigo dela. Apesar do votos que ele fez, da posição dele e dos cuidados dela, ela acabou se apaixonando e ele correspondeu. Quando os dois perceberam a situação, ele pediu autorização para abandonar a batina, o Vaticano autorizou e hoje os dois vivem juntos, provavelmente muito mais felizes do que eram antes. Nunca mais tive notícias deles.
Tem também a história da mulher que ficou viúva, com muitos filhos para criar e seguiu sozinha por um tempo, trabalhando como podia para pagar as contas e colocar comida na mesa. Recebeu propostas de famílias que queriam adotar os filhos menores para, de alguma forma, ajudá-la a criar os outros. Outras famílias ofereceram dinheiro em troca de alguma das crianças. Ela recusou todas as propostas. Dizia que se fosse para passarem fome, passariam todos juntos. Os filhos eram dela e ela mesma os criaria. Quem quisesse ajudar, ótimo; mas separar as crianças, nunca.
Acontece que um senhor, já amigo da família há alguns anos, estava apaixonado pela viúva. Os dois se casaram e ele assumiu todos os filhos dela (se não me engano, uns 9) como se fossem dele. Deu de tudo para todos e nunca fez diferença entre os que ele criou e os que ele mesmo teve com ela, anos mais tarde. Ficaram juntos até que ela morreu, há 14 anos e eu fiquei sem avó.
Tem ainda a história de amor que tenho acompanhado de perto, do casal que tem enfrentado há meses as dores de uma doença que antigamente ninguém ousava dizer o nome. Ela tem mais fé do que muitos religiosos juntos e isso a faz continuar otimista, acreditando no que ela sente por ele e permanecendo cada vez mais perto dele, que ela já disse, é o homem da vida dela. Acredito que a fé possa mover montanhas, mas ultimamente acho que o amor pode muito mais que isso.
Aí eu paro e penso, minha história com o Sr. namorado é linda, mas quando lembro desses problemas enormes que outros casais enfrentam, das dificuldades que eles atravessam até poderem estar juntos... agradeço a Deus por me dar a certeza do tamanho do nosso amor assim, de maneira tão descomplicada. Sem batinas, doenças, mortes, filhos de outro casamento e coisas do tipo entre nós dois.
Se fosse preciso, sei que enfrentaríamos tudo isso e até mais, mas se eu posso aprender com outras histórias complicadas a valorizar a minha que é tão simples e está dando tão certo há quase 1 ano... eu rezo para que continue assim, como começou: de forma lindamente simples.

***
Terça-feira é dia de TPM. E o post da vez é sobre o aborto on line. Estranho, né? Leiam e entendam do que se trata.

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Trilha Sonora: Led Zeppelin tá tocando Rock'n'roll na minha cabeça (literalmente rock'n'roll). Exatamente esse verso: "Ooh, let me get it back, let me get it back"

6 comentários:

Dread disse...

*suspiro*

E por mais que enfrentemos problemas, perante esses que você descreveu ai em cima, e já havia me dito outras vezes, e o que também venho acompanhado, eles parecem ser pequenos empecilhos necessários para que possamos demonstrar o nosso amor, um pelo outro.

Se fosse preciso enfrentar todos esses, e muitos outros problemas, sei que enfrentáriamos juntos, e no fim ficariamos juntos para sempre.

Te amo.

Shelley Miretzki disse...

Eeeee.... Que vocês sejam sempre muiiiito felizes!!! E de preferência sem grandes problemas para enfrentar!
beijinhos

Anônimo disse...

houve uma época em que também eu me achava insignificante por ter uma história de amor tão "simplezinha". Hoje essa história de amor já faz quase quarenta anos e, olhando em volta e vendo tanto desamor, vejo que o simplezinho é difícil pra caramba!! Que a tua história simplezinha seja eterna enquanto dure e que te faça muito feliz!!

Estava Perdida no Mar disse...

Se vc conhecesse a história da minha mãe com o meu pai tb acharia divinamente linda. Alás, na minha família é cheio de histórias assim. Mas eu tb peço a Deus algo menos complicado...rs

Bel Gasparotto disse...

É, a minha historinha também bonitinha e até diferente... eu nem ligava pra ele, nunca olhava na cara dele. Dez anos depois, nos trombamos pela internet, coisa de doido. Show vai, show vem, fotos, fotos, fotos, cá estamos nós.

Mas não é nada perto dessas histórias que vc contou, realmente lindas, heim?

Bjs!

Tangerina disse...

Eu faço parte das histórias tristes de amor...
Mas também tenho algumas histórias de pessoas novas entrando na minha vida... o que é mais interessante.

QUE VOCÊ SEJA MUITÍSSIMO FELIZ!
Mesmo mesmo!

Beijo Grande.