terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Imagem não é nada?

Estava acompanhando uma breve discussão que aconteceu através de mensagens no mural de um contato do Facebook ontem e tudo começou por causa de uma observação que a pessoa nº1 fez.
Dizia: "mulheres que pagam de putinha na internet não podem reclamar se depois forem tratadas como vagabundas". Em seguida, uma pessoa nº2 começou uma mini-discussão sobre isso ser uma observação machista e um tipo de apoio ao pensamento "foi estuprada porque estava de mini-saia."
Eu concordo mais com a pessoa nº1 do que com a pessoa nº2. Mas explico:
A internet, todos sabem, é meio que Terra de Ninguém. Você posta um texto ou foto sua hoje e amanhã ou, talvez, minutos depois, sua obra já não está mais sob o seu total controle. Não concordo com quem usa coisas alheias dizendo serem suas. Aí é outro ponto e sobre isso eu já falei aqui. Estou dizendo é que sua imagem e suas produções (artísticas ou não) viram uma coisa pública a partir do momento que você concorda em deixá-la exposta pela isternet.
E tudo o que é público está sujeito à críticas, ao julgamento alheio e à aprovação ou não.
Então, se uma garota se faz de putinha na internet, publica fotos do seu decote, de bundinha empinada e fazendo cara de "tô facinha", ela tem que saber que será julgada pela imagem que passou para as outras pessoas, afinal, na internet, a imagem que temos disponível num perfil ou álbum de Orkut é o primeiro passo para montarmos um perfil imaginário das pessoas. Se esse perfil corresponde à realidade "off line" ou não, já é outra história (mas quase sempre corresponde).
Então, como é que eu vou reclamar se começarem a me julgar como vagabunda, quando a única imagem que eu passo na internet é a de uma vagabunda?
Porém, isso não dá o direito aos outros de agredirem fisicamente ou verbalmente, porque aí entra a questão do respeito e é por isso que eu não concordo quando dizem "foi estuprada porque usava roupa curta" ou "ameaçaram a menina da Uniban de coisas absurdas porque ela usava roupas curtas", mas isso dá, sim, todo o direito de pensarem o que quiserem da pessoa em questão.
A liberdade de um termina onde começa a liberdade do outro. Eu posso usar roupas curtas na rua, tenho esse direito. Mas não posso permitir que alguém me agrida usando minha roupa curta como motivo para tal atitude. Assim como podem pensar de mim o que quiserem, baseados na imagem que eu passo e talvez não faça questão de mudar.
Mas o ponto é: na internet somos, quase sempre, uma imagem. Mesmo que eu seja uma interna de colégio de freiras, se eu postar fotos nuas por aí, não vou ser conhecida como a estudante do colégio de freiras. Vou ser conhecida como a vagabundinha do site tal. E se eu agi assim, como vou argumentar a meu favor quando as pessoas me reconhecerem na rua ou em outros sites como a putinha?
Acho que isso é ser tratada como vagabunda e foi nisso que pensei quando concordei com a pessoa nº1. Pensei, exclusivamente, nas relações e nas imagens que fazemos das pessoas na internet. Até porque, na vida "real" as coisas vão muito além de imagem e julgamento.

***
Trilha Sonora: Até gostaria, mas esse PC não tem placa de som instalada.

9 comentários:

Luene Paes® disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Luene Paes® disse...

Adorei essa caixa de sapato!! Muito 10!!

http://sorvete-colore.blogspot.com
e
http://tudonossoenadanosso.blogspot.com

Wagner Brito disse...

Olá Camila, tudo bem?

Camila, devo dizer que fico muito feliz em saber que você concordou com minha frase. Alias, você conseguiu sair na minha frente, pois estou também pensando em escrever sobre essa minha frase que gerou essa discussão.

Gostei muito que você escreveu e me fez pensa ainda mais. Algum problema se eu citar você em meu texto?

Abraços e continue blogando =D

Mariah disse...

complicada essa nova realidade virtual.
a pessoa abre uma página (orkut, facebook, etceterabook) "pública" (diga-se de passagem) coloca lá sua vida toda, frente e verso, vestida e pelada...e depois reclama que estão invadindo sua privacidade! tá complicado! ainda sou pelo anonimato.

disse...

Pois então... considero que não seja uma frase machista desde que isso valha para os dois. Homens e mulheres. Se um cara coloca só fotos do peitoral sarado, com cara de tarado, exibindo o corpo e acharem que ele é um cara que não é para se andar de mãos dadas e nem ir ao cinema, eu concordo. Caso contrário, se isso vale só para as meninas, é uma colocação machista sim.

Pensando da primeira maneira, como algo global, que vale para ambos, feitas as devidas ressalvas que fizeste, Mila, sobre nenhum comportamento justificar agressão, concordo sim, mas que é polêmico... ah, isso é. rs.

Bel Gasparotto disse...

Faço minhas as palavras da Jô. E confesso que quando não conheço uma pessoa, as fotos no orkut, por exemplo, me ajudam a traçar um perfil... isso é triste, mas é verdade. Quando vejo um cara como o que a Jô citou, já imagino 'esse não tem nada do que me interessa, cabeça vazia'. Tem outro problema também, muita gente adora criar personagens pela internet... acho que isso aqui tá cheio de louco, na verdade!

Bjs

Fabii disse...

Sem dúvida uma questão interessante... Não sei se você sabe, mas esse tema (imagem), foi o tema da redação do vestibular da Fuvest esse ano. Parabéns!

Se tiver vontade, rs, visita aí:
http://www.discretasdiscrepancias.blogspot.com/

Abraços

Mary disse...

Oi, Mila...
Concordo com a pessoa número 1 e contigo.
A imagem na internet é construída por quem a expõe. O julgamento cabe a quem analisa. Agora a agressão não cabe a ninguém.
Se não gostar, não aplauda!
Se gostar, manifeste-se!
Se é tarado, trate-se!
A liberdade de expressão (textos, fotos, opiniões) jamais deve ser impedida.
Mas a NINGUÉM cabe a autoridade de jogar pedras.

**A menos que se esteja sendo, de alguma forma, atingido (a) pela ação do (a) expositor (a), né?

Beijos pra tu.
=)

Atitude: substantivo feminino. disse...

Ui..vasculhei tudo!!!
Concordo plenamente!!!
Parabéns pelo post!
(eu estava buscando amenidades na net e achei seu! rs)
Sucesso!