Teve aquele desabamento dos prédios no RJ e os jornais só falam nisso, claro. A tristeza das famílias, quem são os (ir)responsáveis, quem são as vítimas... E eu estava lendo no jornal uma notinha com os nomes das vítimas já identificadas e, abaixo dos nomes e idades, constava alguma informação adicional. Coisas como zelador do prédio, esposa do zelador, morador de rua que estava próximo do prédio, funcionário da empresa X... Mas teve um que me chamou a atenção, mais do que aquele que falava com a noiva pelo celular e aquela que estava no msn com o marido no momento em que tudo caiu. Dizia que ele (era um homem, não me recordo o nome agora) morreu abraçado a uma carteira.
Fiquei pensando, o que teria nessa carteira? Fotos da família? Alguém ainda carrega fotos da família nas carteiras? Dinheiro que a família esperava para pagar alguma conta importante? Os documentos pessoais dele e isso foi um tipo de pensamento rápido "vou morrer e não quero ser enterrado como indigente"?
Isso me levou a um outro pensamento: se eu percebesse a morte chegando e não visse mais saída, aquele momento inevitável do "Fodeu, mano!", o que eu faria? O que eu tentaria salvar? Se houvesse mais gente comigo, quem eu tentaria salvar? Eu tentaria salvar alguém ou pensaria só em mim?
Quanto mais eu penso nisso, mais as minhas respostas parecem injustas, imorais, egoístas, fúteis e materialistas. E talvez isso mostre quem eu sou.
De repente o "certo" seria só deixar desabar e acabar.
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Trilha Sonora: Made For TV Movie - Incubus.
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