sábado, 23 de março de 2013

Músicas Para Não Tocar No Seu Casamento

Tava vendo TV com o meu pai aqui e passou um comercial de um Box de oitocentos CDs (ainda tem CD pra vender em Box? Acho que eram DVDs, então) DVDs com músicas da Jovem Guarda. Entre elas, tem aquela da Vanderléia, Pare o Casamento (adoro a versão com o Kid Abelha), e pensei que seria uma ótima música para tocar na entrada da noiva. Só que não, porque né.
Daí, bem, toma aí (mais) uma lista:

Lá Vai a Noiva (fugindo da Igreja, pega ela!)


  • Pare o Casamento - para tocar no seu próprio casamento porque seria divertido para os convidados e triste para o noivo (ou a noiva, vai saber?) ouvir o versinho "Senhor Juiz esse casamento será pra mim todo o meu tormento". Daquelas que se casam já prevendo que vai dar bosta.
  • Não sei o nome e nem tô com vontade de ir procurar agora, mas o refrão é famoso: "Estou casando, mas o grande amor da minha vida é voceeê". Convite de Casamento - porque seria bastante constrangedor para o noivo e risível para os convidados saber que a pessoa tá casando com esse porque era esse o que tinha pra hoje. Mas na verdade queria era o outro.
  • Better Man - pensa que decepcionante, você casando com o cara e dizendo que não conseguiu achar um cara melhor. Na real, a interpretação pode ser a de que não existe um homem melhor. Mas eu sempre vi essa música com um ar bastante triste, meio que no estilo da anterior, "tô com você porque não achei nada melhor, mas eu sei que tem coisa MUITO melhor". Chato, cara! Mas os convidados também se divertiriam.
  • Quando Amanhecer - bem sincero da sua parte se casar já avisando que um dia a pessoa pode acordar e não mais te ver, mas que tudo bem, é assim que tem que ser. Dica: se for se casar com alguém que gosta muito dessa música, não gaste demais na festa de casamento e nem dê presentes muito caros. Nunca se sabe quando o seu grande amor pode dar no pé e te deixar sozinho com o prejuízo todo.
  • Esse Cara Sou Eu (precisa link?) - começar o casamento usando essa música já dá o direito automático para que a outra parte use a música anterior. Você se assume o cara-chato-pra-porra-que-se-acha-super-romântico-e-cara-perfeito. 


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Bom, essa lista saiu meio de improviso, então vai ficar pequena mesmo. A menos que eu me lembre de outras ou vocês me sugiram mais algumas.

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Recado n° 1: me rendi ao Twitter. Quem quiser bater um papo, me segue lá. @eudesouzalves
Recado n° 2: meu outro blog tá sendo (quase) atualizado com mais frequência. Quem se interessar por literatura e não se importar de ler os finais antes dos começos dos livros, talvez possa gostar dele. paraaestante.blogspot.com


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Trilha Sonora: Começou com Pare o Casamento, mas acabou com a novela das nove ao fundo.

segunda-feira, 11 de março de 2013

De Mãe Pra Filha

Ela ainda é um bebê, 4 meses só.
Quero aproveitar e viver cada segundo possível com ela, porque todos dizem e eu sei, passa muito rápido.
Mas é inevitável pensar em quantas coisas quero ensinar a ela quando ela for maiorzinha.
Já estou, inclusive, montando uma listinha dessas coisas para não correr o risco de esquecer nada.

Fazer estrelas de papel. É um origami, mas é o origami mais lindo e terapêutico que conheço. Minha irmã me ensinou e consegui ensinar a poucas pessoas até hoje. Como não consigo ensinar, gosto de presentar as pessoas com elas. Gosto também de fazer e deixar "abandonadas" para que alguém as encontre e, quem sabe, sorria com aquelas mini-estrelas.
Quando a Alice aprender a manipular coisas com delicadeza, vou ensinar a fazer estrelas.

Ler. Quero que um dia ela possa dizer que aprendeu a ler comigo, com os meus gibis e livros e que sempre ganhava livros legais da mamãe. Comecei a biblioteca dela ainda na gravidez, antes de saber se seria Alice ou Téo. Quero que ela tenha prazer na leitura desde pequena, como meus pais me ensinaram a ter e eu consegui ensinar meu irmão mais novo.

Andar de bicicleta. Confesso que não sei andar direito. Só posso andar em linha reta e não possa parar. Se tiver que fazer curva ou parar, prepare almofadas para amortecerem minha queda. Mas me lembro com saudade das tardes em que meus pais iam com a minha irmã, eu e nossas bicicletas para a USP, onde nos ensinavam a pedalar. Minha mãe acho que só olhava e torcia, porque ela menos do que eu (nível zero) anda de bicicleta.

Falar francês. Morro de preguiça quando penso em voltar para a faculdade. Mas tenho duas motivações: terminar o curso para ter um diploma (salários e melhores oportunidades de emprego) e aprender mais da língua para poder ensinar minha filha desde pequena. Acho importante que as crianças aprendam desde cedo outro idioma e, se puder ser um idioma que ela dificilmente terá contato na escola, melhor ainda. Inglês e espanhol as escolas ensinam, então quero que ela aprenda algo além disso. Se ela quiser outra língua, tudo bem também, mas gostaria de poder ensinar e aprender com ela.

Ouvir música. Quero muito que a vida dela seja toda musicada, como é a minha (acreditem, faz uma diferença enorme para memorizar coisas e amenizar dores). Mas para isso ela precisa sentir prazer em ouvir música, como eu sinto. Mesmo que ela decida gostar de músicas que eu não gosto, vou entender. Só quero que ela goste de ouvir, de ler, de cantar, conhecer coisas novas. Sempre que possível ouço músicas com ela e aparentemente ela já demonstra certo interesse por algumas coisas quando começam a tocar de repente. Pretendo continuar ouvindo músicas com ela para que, mesmo que ela não herde o gosto da mãe, no futuro ela possa ouvir algumas coisas e falar "essa eu ouvia com a minha mãe, ela adorava".

Escrever. Gosto de escrever desde que eu era criança. Sempre tive diários e gostei das aulas de português por causa da literatura e redação. Acho importante que ela saiba se expressar e, pra isso ser possível, vou estimular o uso de diários, agendas, blog e cartas. Quero que ela conheça o prazer de mandar e receber cartas. Quero que ela consiga se conhecer e entender quem ela é de forma íntima, usando diários e, se ela for mais desenvolta e quiser, usando blogs. É gostoso olhar pra trás e ver como mudamos através de coisas que registramos nos diários, blogs e cartas. São heranças que ela receberá um dia: as cartas que recebi, as que nunca enviei, os diários, os blogs... quero que ela leia tudo isso e possa saber quem foi a mãe dela antes de se tornar a mãe dela.

Feminismo. Acho importante que ela saiba o que é o feminismo desde cedo. Não espero que ela seja uma menininha que vai queimar seu primeiro sutiã como forma de protesto contra a opressão da sociedade patriarcal, o mercado de trabalho injusto com as mulheres e o padrão de beleza desumano imposto pela mídia. Se ela quiser fazer tudo isso um dia, tudo bem, mas tudo tem seu tempo. Quero que ela aprenda o que é o feminismo, como começou e o motivo de existir para que ela possa se armar e se defender de tudo o que existe e as mulheres ainda precisam lutar contra: violência, injustiças, abusos, idéias ultrapassadas e preconceitos de gênero. Quero que ela entenda que será livre para fazer e ser o quê e quem ela quiser. Quer ser dona de casa? Ok, você pode. Quer pilotar um avião? Ok, você pode também. Quer trabalhar e nunca ter filhos? Vá em frente. Quer se dividir entre um trabalho e uma casa com filhos e marido? Corra atrás disso, então. Quer se casar virgem? Opção sua. Acha melhor o sexo sem compromisso? Terá o meu apoio. Eu me sinto livre para ser o que eu quero e fazer o que eu quero. Quero que minha filha tenha essa liberdade também, mas que ela saiba que nada disso veio fácil e que, antes de nós, muitas mulheres batalharam por esses direitos.

Não será só isso, eu sei. Os filhos precisam aprender muito mais todos os dias e eu vou ensinar tudo a ela. Mas essas coisas, neste momento, são os ensinamentos que sonho em poder passar a ela. Não quero força-la a ser uma versão minha, mas quero poder ensinar coisas que eu sei e que me orgulho de saber. Quero que ela tenha com ela, mesmo que nunca use, as coisas que fazem parte de mim.

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Trilha Sonora: Pine Moon - Feist.

domingo, 10 de março de 2013

Sobre o Medo da Morte

Eu nunca tive medo de morrer. Nunca mesmo.
Atravessava a rua na frente dos carros, obrigando-os a parar porque, conforme eu costumava argumentar quando minha mãe me chamava a atenção por isso "nenhum deles quer realmente me atropelar, então eles que parem o carro se não quiserem ir presos". Minha mãe ficava louca, dizia que um dia eu podia encontrar um que não ia conseguir parar. E eu seguia atravessando a rua sem olhar e sem esperar muito pelo sinal fechado.
Nunca gostei de médicos e hospitais, porque eu sempre fui da opinião que quem procura, acha. Então se eu não estou sentindo nada de estranho e nem estou com um pedaço do corpo pendurado, quase caindo, não há motivo para pânico e muito menos para marcar uma consulta médica e ouvir um estranho me dizer que estou me alimentando mal, que estou acima do peso e deveria me exercitar mais.
Remédios? Só em casos extremos, como a época em que eu tinha uma crise de gastrite por noite e só conseguia dormir sob efeito de diclofenaco (depois de vomitar com uma cápsula de omeprazol, tomar duas xícaras de chá de camomila e andar em círculos pelo quarto até me concentrar no cansaço das pernas e esquecer a dor no estômago).
Pensava em pular de pára-quedas um dia, andar balão e sair pelo mundo fazendo mochilão "clássico" (com carona e sem lugar certo pra dormir).
Não tinha medo de ficar doente, não tinha medo de assalto, não tinha medo de acidente, não tinha medo de nada.
Até que eu me tornei mãe. O medo da morte passou a ser uma coisa tão apavorante que agora eu não perco uma consulta médica, sigo ordens em benefício da minha saúde, como coisas que não gosto (mamão, eca!) para que meu corpo funcione melhor, olho para os dois lados antes de atravessar a rua e espero o sinal fechar e todos os carros estarem parados. Uso até faixa de pedestres agora, vejam que exemplo lindo!
O que acontece é que continuo não sentindo medo do que haverá do outro lado e se haverá um outro lado. Li uma vez que preocupar-se com a morte é inútil, porque se tiver algo para ver do outro lado, um dia veremos e se não tiver nada, nunca saberemos. Não me lembro quem disse isso, mas tomei como verdade e desde então eu não me importava com essas coisas.
Só que agora, saber que uma vida depende de mim, dos meus cuidados e do meu amor; que tenho uma criança que espero ver crescer e aprender o que é o mundo, que quero ensinar coisas a ela, que quero estar perto dela para sempre... Tudo isso mudou a forma como vejo a minha vida, mudou os meus medos, meus planos, meus desejos. O que houver do outro lado, haverá ou não. O que me preocupa mesmo é poder adiar essa descoberta o máximo que eu puder, ficar por aqui enquanto houver necessidade de uma mãe cuidando de uma filha, porque eu devo ser essa mãe. Não quero que essa responsabilidade seja passada a mais ninguém.
Se me perguntarem hoje se eu tenho medo da morte, vou responder o mesmo que respondi ao meu irmão ontem, quando ele me viu esperar a hora mais segura para atravessar a rua: depois que você tem um filho, você passa a cuidar melhor da sua vida.

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Trilha Sonora: Uma música na minha cabeça, mas não sei o nome dela e muito menos sei quem canta. Se eu descobrir, eu conto.

quarta-feira, 6 de março de 2013

Do Que São Feitas as Memórias

Acordei hoje com a noticia da morte do Chorão. Dei um pulo na cama e vim para a sala ver se era mesmo o que eu tinha entendido. Meu irmão confirmou e então um filminho com lembranças de 15 anos atrás começou a passar na minha cabeça.
Eu gostava da banda, mas não era a maior fã dele, como uma amiga minha é, e ela foi a primeira pessoa que me veio na cabeça, ainda nos créditos desse filminho.
Passou um tempo, fiz outras coisas, cuidei da minha filha e agora há pouco, no banho, é que fui fazer a edição mental do tal filminho.
Começa em 1998, quando meu pai apareceu em casa com uma edição da Revista Jovem Pan. Era uma revista enooooorme, do tamanho de um jornal e trazia junto um CD com as mais tocadas da Pan. Entre a seleção de umas 10...15 músicas, tinha O Coro Vai Comê na faixa 2, de uma até então desconhecida banda chamada Charlie Brown Jr.
Esse CD rodou a mão de algumas amigas minhas, não por causa da tal faixa 2, mas de algumas outras músicas que agora não lembro mais, mas eram sucesso na época.
Passou mais um tempo e ouvimos mais da banda e viramos fãs porque, daquele jeito maloqueiro-skatista-calça-mostrando-a-bunda, as músicas eram divertidas e algumas até falavam de amor.
Acho que a identificação aconteceu justamente porque era esse o nosso perfil e, principalmente, era o perfil dos namorados e candidatos a namorados das minhas amigas e meus. Nunca subi em cima de um skate mas, por alguns anos, era um pré-requisito para um cara ser interessante: andar de skate. Namorei um. Minhas amigas namoraram outros. Cada uma de nós tem pelo menos uma história pra contar com esse tipo tão atemporal de homem.
Mas era do filminho que eu falava.
Fiquei pensando, o que faz de um momento banal, um momento digno de filminho?

Lembro perfeitamente, como se tivesse sido há poucos dias, de uma amiga minha descendo a rua da minha casa para ficar com um primo (skatista) de um namorado meu (skatista) e minhas outras amigas e eu ficando no portão de casa, olhando os dois se afastando enquanto vinha de dentro de casa o som alto, muito alto, de Proibida Pra Mim.

Não me esqueço também de um dia em que sem motivo nenhum, como ele sempre fazia, esse namorado da época me deu uma folha de sulfite com alguns desenhos aleatórios e uns versos de músicas que gostávamos. A cena é toda muito nítida pra mim: estávamos na calçada da minha casa, chegando da escola e, conforme um tipo de tradição que ele seguia, esperava até a despedida pra me dar os presentinhos quase diários. Combinamos de ficar à toa na rua mais tarde e, antes de dizer tchau, ele me deu a tal folha com os desenhos e os versos "Se não eu, quem vai fazer você feliz?" e um trecho de Presente de Um Beija-Flor que já não me lembro mais qual era.

Depois vem a cena daquela minha amiga apaixonada pela banda e, principalmente, pelo Chorão, me chamando para acompanhá-la numa aventura: teríamos que ir de Osasco até a Avenida Paulista de ônibus, numa época em que mal saíamos sozinhas, para vermos a banda em uma tarde de autógrafos que aconteceu na Rádio Mix, no famoso prédio de n° 900, o prédio da Gazeta. Ela se informou antes e acertamos o caminho, linhas de ônibus, pontos a descer e fomos. Deu tudo certo e, nesse "tudo certo" inclua uma fila de mais de 3 horas, rodando um quarteirão para conseguirmos entrar, trocar duas palavras com eles conseguir autógrafos enquanto eu ficava encarregada de tirar tantas fotos quantas fossem possíveis em coisa de 2 minutos. Voltamos pra casa com autógrafos, fotos, histórias pra contar e um sorriso de cansaço e satisfação no rosto.

No filminho entra também a cena da minha irmã e eu lendo o encarte do CD do Charlie Brown que meu pai deu de presente a ela, na sala da nossa casa, cantando as músicas e ouvindo no modo Repeat dezenas de vezes a música Te Levar. Sempre preferi as românticas.

E de tantas tardes vendo Malhação, uma em especial me marcou. Não me lembro o motivo, mas nos juntamos para ver um capítulo qualquer na minha casa: minha irmã, meu namorado, uma amiga nossa, minha mãe, o tio da nossa amiga e eu. A música de abertura era Te Levar e, como era sucesso na época, todos cantaram um pedacinho, bateram o pé ou batucaram ao som da abertura.

Tive muito mais momentos ao som de alguma música deles, mas esses, exatamente como descrevi, resolveram que ficariam eternos pra mim e eu sei que as outras pessoas envolvidas talvez nem se lembrem mais de nada disso. Mas eu me lembro e hoje, especificamente por causa da morte do Chorão, tudo isso  voltou e eu me pergunto, o que faz um momento ser eterno? O que facilita a memorização de uma coisa e de outra não, sendo tudo igualmente corriqueiro? Não falo de momentos "obrigatoriamente" importantes, como o primeiro beijo, nascimento do seu filho, morte de alguém querido, primeiro dia de aula... Falo dessas coisas bobas, facilmente esquecidas em alguns meses, mas que de vez em quando teimam em ficar gravadas sem motivo aparente.
No fim das contas, acho que a vida é feita disso apenas. Lembranças.
Como saber que este exato instante em que termino de escrever esse post ou você termina de ler, não ficarão eternizados naquele departamento de memórias que só interessam a nós mesmos? A diferença é o que significa para cada pessoa envolvida.

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Sem links porque estou com preguiça de procurar. Depois eu volto e incluo tudo direito. Ou não.

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Trilha Sonora: Meu irmão, enlutado, ouvindo Charlie Brown Jr. que surgiu na minha vida 1 anos antes do nascimento dele.