Ela ainda é um bebê, 4 meses só.
Quero aproveitar e viver cada segundo possível com ela, porque todos dizem e eu sei, passa muito rápido.
Mas é inevitável pensar em quantas coisas quero ensinar a ela quando ela for maiorzinha.
Já estou, inclusive, montando uma listinha dessas coisas para não correr o risco de esquecer nada.
Fazer estrelas de papel. É um origami, mas é o origami mais lindo e terapêutico que conheço. Minha irmã me ensinou e consegui ensinar a poucas pessoas até hoje. Como não consigo ensinar, gosto de presentar as pessoas com elas. Gosto também de fazer e deixar "abandonadas" para que alguém as encontre e, quem sabe, sorria com aquelas mini-estrelas.
Quando a Alice aprender a manipular coisas com delicadeza, vou ensinar a fazer estrelas.
Ler. Quero que um dia ela possa dizer que aprendeu a ler comigo, com os meus gibis e livros e que sempre ganhava livros legais da mamãe. Comecei a biblioteca dela ainda na gravidez, antes de saber se seria Alice ou Téo. Quero que ela tenha prazer na leitura desde pequena, como meus pais me ensinaram a ter e eu consegui ensinar meu irmão mais novo.
Andar de bicicleta. Confesso que não sei andar direito. Só posso andar em linha reta e não possa parar. Se tiver que fazer curva ou parar, prepare almofadas para amortecerem minha queda. Mas me lembro com saudade das tardes em que meus pais iam com a minha irmã, eu e nossas bicicletas para a USP, onde nos ensinavam a pedalar. Minha mãe acho que só olhava e torcia, porque ela menos do que eu (nível zero) anda de bicicleta.
Falar francês. Morro de preguiça quando penso em voltar para a faculdade. Mas tenho duas motivações: terminar o curso para ter um diploma (salários e melhores oportunidades de emprego) e aprender mais da língua para poder ensinar minha filha desde pequena. Acho importante que as crianças aprendam desde cedo outro idioma e, se puder ser um idioma que ela dificilmente terá contato na escola, melhor ainda. Inglês e espanhol as escolas ensinam, então quero que ela aprenda algo além disso. Se ela quiser outra língua, tudo bem também, mas gostaria de poder ensinar e aprender com ela.
Ouvir música. Quero muito que a vida dela seja toda musicada, como é a minha (acreditem, faz uma diferença enorme para memorizar coisas e amenizar dores). Mas para isso ela precisa sentir prazer em ouvir música, como eu sinto. Mesmo que ela decida gostar de músicas que eu não gosto, vou entender. Só quero que ela goste de ouvir, de ler, de cantar, conhecer coisas novas. Sempre que possível ouço músicas com ela e aparentemente ela já demonstra certo interesse por algumas coisas quando começam a tocar de repente. Pretendo continuar ouvindo músicas com ela para que, mesmo que ela não herde o gosto da mãe, no futuro ela possa ouvir algumas coisas e falar "essa eu ouvia com a minha mãe, ela adorava".
Escrever. Gosto de escrever desde que eu era criança. Sempre tive diários e gostei das aulas de português por causa da literatura e redação. Acho importante que ela saiba se expressar e, pra isso ser possível, vou estimular o uso de diários, agendas, blog e cartas. Quero que ela conheça o prazer de mandar e receber cartas. Quero que ela consiga se conhecer e entender quem ela é de forma íntima, usando diários e, se ela for mais desenvolta e quiser, usando blogs. É gostoso olhar pra trás e ver como mudamos através de coisas que registramos nos diários, blogs e cartas. São heranças que ela receberá um dia: as cartas que recebi, as que nunca enviei, os diários, os blogs... quero que ela leia tudo isso e possa saber quem foi a mãe dela antes de se tornar a mãe dela.
Feminismo. Acho importante que ela saiba o que é o feminismo desde cedo. Não espero que ela seja uma menininha que vai queimar seu primeiro sutiã como forma de protesto contra a opressão da sociedade patriarcal, o mercado de trabalho injusto com as mulheres e o padrão de beleza desumano imposto pela mídia. Se ela quiser fazer tudo isso um dia, tudo bem, mas tudo tem seu tempo. Quero que ela aprenda o que é o feminismo, como começou e o motivo de existir para que ela possa se armar e se defender de tudo o que existe e as mulheres ainda precisam lutar contra: violência, injustiças, abusos, idéias ultrapassadas e preconceitos de gênero. Quero que ela entenda que será livre para fazer e ser o quê e quem ela quiser. Quer ser dona de casa? Ok, você pode. Quer pilotar um avião? Ok, você pode também. Quer trabalhar e nunca ter filhos? Vá em frente. Quer se dividir entre um trabalho e uma casa com filhos e marido? Corra atrás disso, então. Quer se casar virgem? Opção sua. Acha melhor o sexo sem compromisso? Terá o meu apoio. Eu me sinto livre para ser o que eu quero e fazer o que eu quero. Quero que minha filha tenha essa liberdade também, mas que ela saiba que nada disso veio fácil e que, antes de nós, muitas mulheres batalharam por esses direitos.
Não será só isso, eu sei. Os filhos precisam aprender muito mais todos os dias e eu vou ensinar tudo a ela. Mas essas coisas, neste momento, são os ensinamentos que sonho em poder passar a ela. Não quero força-la a ser uma versão minha, mas quero poder ensinar coisas que eu sei e que me orgulho de saber. Quero que ela tenha com ela, mesmo que nunca use, as coisas que fazem parte de mim.
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Trilha Sonora: Pine Moon - Feist.
segunda-feira, 11 de março de 2013
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2 comentários:
Eu quero uma estrela dessasssss...
Você comentou no meu blog há uns meses, e como eu estava distante da blogosfera só vi agora, e vim agradecer. Ninguém nunca comenta por lá, então fiquei feliz... ainda mais por ser de um apessoa que admiramo o blog, então, obrigado!
Também foi bom porque, como eu disse, estava distante da blogosfera, e fazia um tempinho que não passava aqui no Caixa, e foi legal ver que havia vários textos para eu ler. Inclusive estava pensando como será que estava a pequena Alice, porque vi você comentando dela desde a gravidez, e queria saber se havia novidades.
Em relação ao texto, eu também penso assim, para quando tiver um filho, principalmente sobre ouvir musica, porque eu amo, e estou sempre descobrindo coisas novas, e quero isso pro meu filho, e não que que ele apenas ouça as musicas que a mídia toca.
Acredito que você será uma ótima mãe.
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