quarta-feira, 14 de maio de 2014

O Amor - Vida e Obra

Começa com aquela paixão, aquela necessidade de ouvir a voz do outro todo dia, aquele desejo incontrolável de estar junto, abraçando e beijando o tempo todo, aquela sequência sem fim de planos pro futuro, aqueles apelidos carinhosos e cafonas, aquela beleza reluzente que só você vê e acha que o mundo todo tem inveja.
Depois chega aquela fase do comodismo, quando já não é necessário esconder o que você foi fazer no banheiro bem no meio do filme que estavam vendo, já não é importante tirar as remelinhas do canto do olho rapidinho antes que o outro acorde, já não tem problema se você estiver de pijama e continuar o dia todo assim na companhia da tal pessoa.
Por último vem aquela fase onde uma briga que antes terminaria com um "me perdoa?" passa a terminar com uma nova briga começando por um novo motivo ou um velho motivo, tanto faz, desde que seja um motivo bom o suficiente pra fazer a conversa terminar com um dos dois seriamente magoado e aquelas dúvidas sobre continuar ou não com um relacionamento tão deteriorado.
Essa é a vida do amor. Com uns detalhes a mais ou a menos, variando de caso pra caso, mas basicamente assim.
A obra é que a parte bonita. É tudo o que ficou de herança depois que ele se foi. Pode incluir fotos lindas, lembranças de bons momentos, a experiência de um casamento, as viagens de última hora, as visitas inesperadas, as noites em claro falando no telefone, o perfume inesquecível, o som da voz que ecoa relendo velhas cartas e bilhetes, os presentes não devolvidos, a filha linda que foi idealizada e sonhada por anos, as cicatrizes de tudo o que passou e não apagou, os planos que nunca se realizaram mas foram divertidos de planejar.
Não é uma regra, existem também os que acabam, mas não passam por esse ciclo.
Mas feliz mesmo é quem tem a sorte de achar aquele tipo raro que não acaba e não se deixa abalar. Esse é o motivo que não me deixa virar uma pessoa amarga e fechada pra vida: não deu certo agora, mas um dia pode dar.

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Trilha Sonora: Linda Rosa - Maria Gadú. Tá na minha cabeça desde ontem, sem parar.

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