Pouco antes do fim do ano, passeando pelo
Bloglovin (você ainda não é o meu gReader, mas juro que estou me esforçando e tentando te amar), vi esse post, que perguntava
How Has Your Life Changed In a Year? e olhei bem no fundo dos meus olhos (?) e me perguntei: o que você mudou na sua vida em 2014, Camila? Quanto sua vida mudou nos últimos 12 meses?
Daí desviei os meus olhos daquele meu olhar (?) inquisidor e fiquei dias pensando.
Não queria fazer
retorspectiva retrospectiva porque não foi mesmo um ano tão legal, cheio de aventuras sensacionais e agitos radicais com uma galerinha do barulho.
Não acho que eu consiga fazer retrospectiva, porque se teve uma coisa que não funcionou bem nos últimos meses, essa coisa foi a minha memória. Até o comecinho de outubro, mais ou menos, eu fiz coisas dignas de uma senhora de 80 anos tomada pelo alzheimer. Sério, dá até um post à parte.
Mas pensando por "setores", vejamos:
Trabalho: quando vim trabalhar aqui, em 2012, foi um choque de realidade complicadíssimo pra mim. Foi opção minha vir pra cá, mas foi um sofrimento enorme até que eu pudesse entender que as consequências seriam cada vez piores se eu permitisse que elas piorassem. No meio de 2013, quando voltei da licença maternidade, depois de 7 meses em casa (6 meses de licença + 1 mês de férias), estava decidida a aceitar as mudanças todas que eu mesma havia procurado. E vi na prática que quando a gente se abre para as mudanças, aceita as consequências e assume os riscos todos, as coisas ficam muito mais fáceis. De verdade.
Parece auto-ajuda barata, mas digo por experiência própria: as pessoas sentem de longe o cheiro do medo e da insegurança e montam com mais violência pra domar o cavalo arisco, que no caso é você (e eu e qualquer um com a postura de atacar antes de ser atacado).
Em consequência dessa minha mudança de postura, tudo mudou naturalmente. Passei a me sentir útil e os elogios vieram junto com a chance de fazer o que eu sei da melhor forma possível pra ajudar o resto da equipe. Então, em 2014, do começo ao fim, pude colher os frutos dessa sábia atitude que tomei. Consegui trabalhar o ano todo com tranquilidade, bom humor, companheirismo, com qualidade e eficiência. Mudou muito e eu mudei mais ainda.
Família: minha família não mudou muita coisa, mas passamos por uns apertos no fim do ano que me fizeram repensar minha postura com relação a todos. Sabe aquela história antiga de só valorizar depois de perder alguém que amamos? Então, quase perdi meu pai, quase perdi meu irmão e, por Deus não chegou a tanto, mas poderia ter perdido toda a minha família num dia só, incluindo minha filha. Tudo o que aconteceu me fez ver que não dá pra esperar pra ser melhor, não dá pra esperar pra perdoar, não dá pra esperar pra ficar mais tempo com eles. Ainda não sou nenhum exemplo de filha ou irmã, não sou nenhum exemplo de amor e gratidão, mas aprendi a agradecer a Deus toda noite (ou quase toda noite, quando eu consigo dormir sabendo que estou indo dormir e não desmaiando até a manhã seguinte). Agradeço pela minha vida, pela minha saúde e pela vida e saúde de toda a minha família, principalmente minha filha. Preciso aprender a dizer "eu te amo" para pessoas que não sejam a Alice. Eu até digo, mas normalmente preciso ouvir primeiro para depois dizer. Fiquei pensando, se eu tivesse perdido alguém, isso me pesaria a consciência pra sempre. Aquela sensação de que poderia e deveria ter dito e feito mais, que poderia e deveria ter sido melhor...
Enfim, família é pra sempre, mas as pessoas não são. 2014 me mostrou isso de um jeito sutil e agora preciso colocar em prática esse ensinamento e esse desejo de ser melhor filha e irmã. E mãe, porque, embora eu me esforce diariamente para ser boa pra Alice e sei lá no fundo que eu sou o melhor que posso, que sou a mãe que ela precisa; sinto também que posso sempre ser melhor.
Amigos: sou o tipo de amiga que fica sendo amiga sozinha, mesmo depois de ter várias provas de que a outra parte da amizade tá distante há tempos. Fui assim por muito tempo, mas agora em 2014 resolvi me afastar de algumas pessoas que há anos dizem que somos amigas mas, na prática, há anos não se preocupam em saber nem como eu estou. Tudo o que passei nos últimos meses, por exemplo, todo o drama que foi minha gravidez, todos os problemas que tive no trabalho nos últimos anos, todas as idas e vindas no meu relacionamento nos últimos 6 anos... tem gente que nem faz idéia de nada disso. E não por falta de "queria conversar, preciso de um conselho, preciso de um ombro". Porque sou também o tipo de amiga que não poupa detalhes e contatos. Se eu preciso e acho que devo, mando e-mail, msg, carta, recado e desabafo em linhas e linhas de drama e chororô. Mas faço isso porque estou sempre receptiva ao chororô alheio também, porque acho que amizade é isso. Além dos bons momentos, tem também o ombro nos piores momentos do outro. Só que, né? Cansei de só eu oferecer e gastar meu ombro, enquanto o outro lado tá pouco ligando se tô num momento difícil, se tenho com quem conversar, se não estou também com os meus problemas. Cansei de ir chorar e não ter resposta ou, quando tenho, a resposta ser "tô sem tempo, mas assim que der, te respondo" e nunca chegar a tal resposta. 2014 foi o ano de esfriar relações. Cansei de ser amiga sozinha.
Fé: 2014 definitivamente foi o ano que descobri minha fé em Deus e senti o poder Dele na minha vida. Foram tantos livramentos, tantos sinais, tantas intuições (que, pra mim, é simplesmente a voz de Deus falando no meu ouvido). Simples assim: eu creio e Ele tem estado comigo sempre.
Amor: faz algum tempo que meu relacionamento se tornou o tipo mais insuportável de relacionamento: aquele que termina e volta. Em partes por culpa minha, que sempre decidia terminar e em partes por culpa dele, que sempre dava os motivos pra eu querer terminar. Foi muita coisa e 2014 foi péssimo pra nós. Brigamos por coisas passadas, por coisas novas, por ciúmes, por falta de tempo, por falta de atenção, por falta de qualidade no tempo juntos, por exigências demais, por responsabilidade de menos, por amizades que não são muito bem vistas... Mas no fim do ano, faltando poucos dias para 2014 acabar, ouvi um conselho que, resumidamente, dizia o seguinte: "
faça o que o seu coração mandar. Não perca tempo com mágoas, não perca tempo nenhum, não espere ser tarde demais." E o meu coração disse que a gente ainda pode consertar essas falhas todas, que juntos as coisas se resolverão, que juntos a nossa filha será mais feliz e nós seremos mais felizes e completos. Juntos de verdade, caminhando lado a lado, se apoiando um no outro, se esforçando pelo outro e, principalmente, pela nossa filha. Não é fácil deixar pra trás 6 anos de mágoas acumuladas e mal resolvidas, mas não estava sendo nada fácil também arrastar tudo isso comigo, mesmo nos últimos tempos eu alcançando grandes progressos deixando algumas coisas de lado e evitando pensar em outras. O que quero, de verdade, é melhorar como pessoa e como mãe e sei que vou conseguir melhorar de forma menos dolorosa se tiver o apoio dele, como sempre tive. E quero que ele melhore ao meu lado, como homem e como pai. Quero ajudar e estar por perto quando ele precisar. A felicidade da minha filha depende também da minha felicidade e da felicidade dele. Então,
mais prático tentarmos mais prático
sermos felizes os três juntos, como uma família.
Enfim, 2014 foi um ano complicado, mas aprendi muita coisa. A gente sempre aprende alguma coisa quando se dispõe a aprender. Então, vou parar de pensar que foi um ano complicado e começar a pensar que foi um ano de aprendizados. Infelizmente, muita coisa eu aprendi com sofrimento, mas graças a Deus estou de pé, todos que amo continuam ao meu lado e 2015 será (já está sendo) um ano de aproveitar na prática o que aprendi até aqui.
É um pouco tarde pra isso, mas desejo que esse ano seja para todos vocês um ano de aprendizados e experiências boas. Com o sofrimento necessário para valorizar a vida e a leveza na alma para sorrir na hora de colocar tudo na balança e ver o quanto se evoluiu em 1 ano.
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Trilha Sonora: Não tem, mas eu colocaria aqui alguma coisa como Tente Outra Vez - Raul Seixas se eu gostasse dele e dessa música. Combina com recomeços e
formaturas etc e tal.