Aqui na minha casa rola um fenômeno meio estranho.
Tá. Muita coisa estranha acontece aqui em casa, mas isso é estranho mesmo.
De tempos em tempos, tomamos um baita susto quando vemos na TV alguma pessoa que deveria estar morta.
O primeiro que me lembro foi o Oton Bastos.
Até hoje, somos capazes de jurar que vimos no Jornal Nacional a notícia do enterro dele. Inclusive com cenas de colegas atores, todos chorando por ele e lamentando a perda de um grande artista da televisão brasileira (discurso clássico quando morre alguém, mesmo que não tenha sido um grande artista).
Eu me lembro até daquela atriz (que acabo de esquecer o nome) que fez Éramos Seis com ele. Era a mulher dele na novela, chamava Lola. Alguém lembra o nome dela?
Bom, enfim...
Lembro muito bem dela toda tristinha lá, falando dele, da falta que ele ia fazer, etc e tal.
Ok. Família chocada, Oton Bastos morto e enterrado, vai fazer falt...
"Opa! Começou a novela! Cala a boca gente! Aumenta o volume!"
Nem nos lembraríamos mais dele se não fosse pelo dia em que... Ele apareceu na chamada de uma novela que estava para estrear.
"AH!!!! Mãe!!! Vem ver!!! Olha quem está na novela nova!!! O Oton Bastos!!!"
Parece que ele resolveu não morrer. Mas, se ele está vivo, o que foi aquela notícia que todo mundo aqui de casa viu e se lembra?
Mistério...
Não sabemos explicar e, até hoje, nos referimos a ele como o "Oton Bastos, aquele que tava morto."
Seria simplesmente estranho mas, como aqui em casa nada é simplesmente simples, meses atrás matamos o Paulo Autran.
Eu sei. Ele está morto. Mas nós matamos antes. Uns 4 meses antes da data oficial do óbito.
Eu vi com a minha mãe a notícia no Jornal Nacional (de novo) e ainda perguntei quem era ele, minha mãe disse que era ator, há tempos não fazia novela e blábláblá.
Tá. Morreu, morreu. Nem sabia quem era ele.
"Olha, a novela começou. Ssshhhiii!!! Silêncio!"
Cheguei a comentar a notícia com um amigo meu quando, em uma conversa, ele citou o Paulo Autran. Ele ficou chocado, disse que eu devia estar enganada.
"Não tô, não, ow! Eu vi! Certeza que ele morreu esses dias."
Mas eu realmente estava enganada. Percebi isso quando vi no Jornal a notícia da morte dele e, depois que percebi que não era reprise, me dei conta do assassinato que eu havia cometido.
Teve um outro também. Mas este eu matei sozinha e dei a notícia para a minha irmã.
- Ai! rsrs Eu adoro o Zé Bonitinho. Muito engraçado...
- Ele morreu.
- O quê????
- Morreu. Faz pouco tempo.
- Juuuura???!!!
- É...
Mas, passados alguns dias, quem eu vejo na TV? O pÓprio!
Zé Bonitinho em carne e osso e puro charme.
Na primeira oportunidade, liguei para a coitada da minha irmã
que devia estar de luto e avisei que ele estava vivo. Ou melhor, que ele estava morto como o Oton Bastos.
Como se não bastasse eu alucinar em família, eu saio por aí espalhando os frutos desses delírios coletivos.
Fica o aviso: não acreditem quando eu disser que morreu alguém. Principalmente se eu jurar que vi a notícia no Jornal Nacional.
***
Trilha sonora: Agora nenhuma. Mas até uns minutos atrás, Hole.