sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Sobre alianças e damas de honra

Há uns dias atrás, eu postei aqui um texto do Michel Melamed, Regurgitofagia.
Aí a Laís, nos comentários, sugeriu que eu desse minha opinião sobre o casamento. Gostei da idéia, então, aí vai:

*Que fique claro que esta é apenas a minha opinião. Parabéns aos que estiverem prestes a se casar, desejo felicidades e tudo mais.*

Eu sou contra o casamento.
Mas eu explico, calma!
Acho que o casamento é um pedido de "por favor, mate o desejo que há entre nós dois!".
Pensem: quantos casais vocês conheceram na época em que eram namorados e hoje estão casados, mas continuam com olhares apaixonados, surpresas românticas, tratamento carinhoso (e recíproco, que é o que vale), enfim, aquela coisa bonita de se ver?
Aposto e ganho que a resposta da maioria será "poucos" ou "nenhum".
Quando você está namorando, tudo é lindo. A pessoa é a mais perfeita do mundo e vocês se tratam por apelidos bregas carinhosos.
Depois que colocam a aliança no dedo e vão morar juntos os apelidos do tipo 'neném' e 'bebê' viram coisas como 'benhê' e 'amorzão' e, com o passar do tempo, o cara ou a garota que era "a pessoa perfeita, minha alma-gêmea" vira um folgado esparramado no sofá vendo futebol ou uma relaxada que dorme com camiseta de propaganda política que ganhou na última eleição.
O namorado dos sonhos que vinha te ver trazendo flores, torna-se o marido que não presta atenção no que você diz enquanto estiver vendo o "Curínthia" jogar. A namorada gostosa que te surpreendia sempre com uma lingerie nova e sensual, transforma-se na esposa que só falta te matar cada vez que você diz que vai sair com os amigos para a sagrada cervejinha de quarta à noite.
Problemas de carteira vazia que só eram um grande problema quando tinham vontade de ir ao cinema ou ao motel, passam a ser motivo para crise conjugal quando no fim do mês a conta de luz tá atrasada.
Bom, os motivos e comparações que eu posso fazer são infinitos, então, vou parar por aqui.
O fato é que depois que você se casa, inevitavelmente, a relação muda. Pode não esfriar por completo, mas vai dar uma diminuída considerável no ritmo.
Por quê?
Oras, porque conviver 24hs com uma pessoa dá nisso.
"Mas, Mila, você não quer casar e ter filhos?"
Não pretendo me casar, só que como a minha avó sempre dizia (e eu acredito) que não se deve cuspir pra cima que cai na cara, deixo bem claro que hoje eu digo que não quero casar, mas nada impede que amanhã apareça alguém e eu fique toda idiota apaixonada, querendo entrar na igreja de véu e grinalda. Vai saber...
Sobre ter filhos, quero, sim, ser mãe (já escolhi até o nome da minha filha), mas isso não significa que eu tenha que me casar para engravidar. (isso é outro assunto, longo demais para eu explicar agora)
"Mas, Mila, você não acredita no amor verdadeiro e eterno?"
Acredito, sim. E espero que um dia eu encontre um. (Que foi? Pode não parecer, mas no fundo, no fundo eu sou romântica.)
Mas amor não tem nada a ver com casamento.
Afinal, por que as pessoas se casam? Para dar uma festa, convidar pessoas que você nem gosta tanto, gastar horrores com isso e depois um monte de gente sair falando que a cerveja tava quente e os salgados frios?
É... Eu sei. O casamento é uma cerimônia de celebração do amor, onde o casal receberá as bençãos de Deus e... Calmaê! Deus só abençoa quem paga para entrar na igreja e pisar no tapete vermelho? Então, muito obrigada, não quero.
Pra mim, Deus abençoa qualquer coisa que seja verdadeira.
E se o casal se ama de verdade e o namoro está legal, dando certo, não vejo motivo para que os dois joguem pro alto essa relação em troca das inúmeras discussões que virão logo depois que acabar a lua-de-mel.
Eu entendo que quando a pessoa está apaixonada acredita que com ela será diferente, pois viverá numa casinha linda com gramado e cerca branca, terá filhos lindos e todo aquele blá blá blá que eu também já acreditei quando, numa época distante, eu chamava alguém que de 'neném'.
"Ah... Agora eu entendi! A Mila é uma solteirona desiludida."
Não sou, não, tá!
Solteirona, sim. Desiludida, não.
Como eu disse, eu acredito no amor e tal, mas acho que é muito mais fácil e até mais inteligente que cada um continue no seu canto.
Não é um papel assinado no cartório ou meia dúzia de padrinhos no altar que fazem com que uma relação dure, que os dois sejam fiéis e felizes para sempre.
Mas quer casar, usar o vestidão de noiva, cortar o bolo e beber champagne de bracinhos cruzados (isso é muito brega!) pro fotógrafo registrar o momento? Então faça tudo isso, querida(o)!
Mas depois que acabar a cerimônia e a papagaiada toda, entra cada um no seu carrinho e vai dormir cada um na sua casa.
Tá. Espere acabar a lua-de-mel pra ir cada um pra sua casa, né...
Depois, bateu saudade? Vai visitar.
Quer ficar sozinho? Liga e avisa "Não tô bem hoje, não. Quero dormir só."
Acredito que dessa maneira o desejo só vai acabar se tiver que acabar mesmo! E não porque você broxou pra sempre de tanto ver o marido de cueca furada cutucanto o nariz ou a mulher de calcinha sem elástico e unha sem fazer.

Agora... Casa comigo?

***
Trilha Sonora: War - Cardigans. Bom demais!

23 comentários:

leticia sayuri * disse...

tambem acho que subir no altar, jurar um monte de coisa e levar arroz na cara nao significa muita coisa..

mas o pior de tudo, é que qdo a gente fica apaixonada tudo é lindo e cor-de-rosa.

eu tinha um professor que sempre dizia que não devemos nunca casar apaixonados... pq nessa fase fazemos muita coisas idiotas.


abçs

Mike disse...

Bem, casamento é uma convenção... acho q muito namoro acaba da mesma forma... o lance é o sentimento, as brigas virão independente da união estar "sacralizada" ou não... é o destino do amor... e o destino do amor é sempre a partida.
Uau, desiludido? Não, casado!

disse...

Hahahahahahahahahahaha. Adorei o comentário do Mike. Putz, eu não conseguiria escrever mais que um parágrafo sobre esse assunto, mas escreveste um textaço e excelente. Ótimos argumentos.

Mas sabe q eu tenho mais receio da maternidade que do casamento? Acho q é pq o casamento é reversível. :P

O pior no casamento pra mim é o excesso de intimidade que acaba com qq encanto, ou vc conhece algum encanto à prova de balas que resista a uma imagem do homem amado no vaso sanitário palitando os dentes e lendo os classificados?

Mila disse...

Algo me diz que só lê esse Blog quem é contra o casamento (desiludidos, (des)casados e uma terceira categoria que eu não consigo nomear agora).
rs
Casar pra quê?

Anônimo disse...

praticamente uma entrevista pra Claudia, Marie Claire ou Capricho

"Mila abre o jogo sobre sua vida"

Mila disse...

hahaha
Viu? Isso daria umas duas páginas na Marie Claire. Claudia, não, que eu não vou dar entrevista pra ela. Acho chata.
***
Posso contar pra vocês que eu guardo até hoje minha coleção de revista Capricho?
*vergonha*

[P] disse...

Ai, eu concordo com um bocado de coisas que você escreveu, Mila. E agora só me vem à mente o casal em lua-de-mel que conheci na última viagem: imagine, recém-casados, olhinhos brilhantes, tratamentos carinhosos, povo reclamando pelas costas dos dois que a cerveja estava quente, que o vestido dela nem era tão bonito assim etc etc etc... Parece que eles são minha visão ilustrada do texto que você escreveu, hehehe.

Ei, eu também guardo coleção da Capricho, tá? Dá a mão aqui pra passarmos vergonha juntas ;)

Beijinhos.

John Doe disse...

ok, quem lê meu blog não vai acreditar nisso, mas eu acredito em casório e tudo o mais acredito em amor de verdade e todo o conto de fadas, devo estar assim pq estou no clima... rs...

o lonely boy falando de amor e casamento..

Critical Watcher disse...

Eu sempre concordei com a idéia de que "papéis-passados" não transformariam um namoro e um mar-de-rosas. E olha que não sou "desiludido ou (des)casado"... Não mesmo! Sou solteiro e com a vida toda pela frente... Assim me defino. Enfim, acho que a distância entre os casais - nem que seja por 20 minutos - sempre é bem-vinda. Amar não é unir-se, nem, tampouco, fixar-se a um lar. Talvez as pessoas precisassem enxergar isso melhor, e, quem sabe, deixar o tradicionalismo um pouco mais de lado. Parabéns pelo blog. Prazer, me chamo Vicente...

Laís Medeiros disse...

Racionalmente, concordo com tudo que tu escreveu. E tenho uma opinião mais macabra ainda sobre ter filhos.
Mas, com o coração acelerado, quem pensa nisso tudo? A gente acaba acreditando na eternidade dos sentimentos...
enfim.
Já viu Pequeno Dicionário Amoroso?
Visão nua e crua de um casamento. Recomendo.

Lisonjeada por tu ter aceitado minha sugestão! =D

=***

Anônimo disse...

Eu também não acredito em casamento, e olha que estou toda apaixonadinha e cheia de mimimi. Concordo com todas as coisas que você disse, Mila. O desafio maior é conviver com aquela pessoa 24 horas por dia, se jogar na intimidade dela, descobrir coisas que o namoro não é capaz de revelar. Tô feliz namorando, por mim eu namorava pra sempre, pra desgosto da minha família inteira. Por mais que bata um certa vontade de ficar junto mais tempo, eu só consigo conceber um "casamento" se for pra ser desses modernos, cada um em sua casa, como você mesma disse.

Mila disse...

Laís, adoro (boas)sugestões.
São ótimas principalmente nos momentos de cabeça vazia.
Sugiram mais!
***
Pequeno Dicionário Amoroso eu já vi, sim. Adoro! E toca Futuros Amantes no final. Tão linda aquela música...

[P], que bom! Achei que só eu mantinha a coleção de Capricho guardada. rsrs
***
Eu só não coloco uma imagem pra ilustrar o post pq ele já tá grande o bastante. rs

hehehe
Tirando o John, o resto é tudo "desiludido" aqui. É bom falar com quem me entende. rsrs

Anônimo disse...

Caraca, eu me enquandro perfeitamente no seu post, primeiramente pq eu amo o Michel^^
Depois pq eu entendo como vc se sente e passei por td isso, nunca na minha vida pensei em casa e ter filhos, nunca mesmo, conheci uma pessoa há 7 anos que me fez mudar de idéia, em parte, ele levou mais de 3 anos pra me convencer em casa com ele, e eu aceitei, quero muito, é um dos meus desejos mais profundos e sinceros. Já com relação a filhos, bem, esses eu não quero e acho que esses sim atrapalham muito um casamento e na maioria das vezes estragam, principalmente quando o 'bebe' ou 'xuxu' deixa de ser ser 'bebe' e vira 'mãe' ou 'pai', ai ferrou-se.

Não vou dizer que vc vai mudar de idéia, pq eu mesma posso desapaixonar e mudar de novo de idéia, mas a princípio to feliz, satisfeita e cheia de boas esperanças e desejos bons tantos pra mim quanto pra pessoa que ta comigo e eu acho que no final é isso que importa, a gente estar feliz e bem, com ou sem o marido, amor, bebe, xuxu, pai, mãe e afins^^

disse...

Concordo contigo, mas como as pessoas são rituais, às vezes acho importante que se faça algo simbólico (que não vai adiantar nada se o 'coveiro(a)' não estiver convencido disso. Se o caso for esse, vai ser só queima de arquivo mesmo).

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Qto a casamento, eu tenho clareza de que - se eu continuar pensando como penso agora - não tem quem faça eu me vestir de bolo e casar com um pingüim. Ah, não... Nem assinar nada. Eu acho que uma união espontânea e sem contratos basta. Se é que uma união é uma boa idéia. Eu, particularmente, não me vejo dividindo guarda-roupa, banheiro, cama e tudo mais com ninguém. Não sei, se eu encontrar alguém que tope quartos separados ou, melhor ainda, casas separadas, aí sim. Mas vai que tudo muda e eu faço tudo isso? Vai saber!

Luana! disse...

Meme para ti lá no Lunaticidades, menina!!
Beijooooooo

Anônimo disse...

Entendi acho que vc foi bem clara nela.
Sou a favor do casamento, acho que o lance todo é saber ceder, que deve partid dos dois lados. O problema é que o casamento virou algo mais tradicional do que a celebração em si; acho que por isso vem o desgaste com o tempo. Doar-se e saber ceder para a outra pessoa, sei que não é fácil, mas taambém não é impossível.

Gabrielle disse...

Oi? É a primeira vez que vasculho a Caixa de Sapatos, e posso dizer que adorei esse cantinho! A forma como tu escreve fez com que eu fosse até o teu 1º post, lendo praticamente todo o blog. Eu também costumo matar artistas que estão vivos, ehehehê.
Sobre agendas, faz 3 anos que adquiri o hábito de usá-las, e sempre acabam atiradas em um canto. Dessa vez, inclui na minha lista de desejos para 2008 não abandonar minha queria agenda.

Sobre esse post, concordo plenamente. Acho que a relação muda bastante depois do casamento. E a culpa não é por causa da cerimônia e tal, mas sim porque é uma mudança incrível na vida dos dois. Imagina: tu passa a conviver 24 horas com uma pessoa na qual via três vezes por semana! Além da rotina, você acaba descobrindo que sua alma gêmea não é perfeita, pois ela deixa cueca jogada no banheiro e a louça na pia para você lavar (coisa que não se sabia antes).
Eu admiro quem casa na igreja, que tem sua própria casinha, etc e tal. Mas vai muito da pessoa ter jogo de cintura para tirar de letra e saber levar na boa a vida de casado. Né?

Beijo, menina!

Mafê Probst disse...

Garota!!! Achei ótimo o jeito com que você falou do assunto. Apesar de não concordar 100% com o que você disse. Na verdade, eu tenho o sonho de casar e ter filhos. Hoje, mais do que nunca, me pego pensando nisso. Várias vezes por dia. Assusta, sabe? Ter a vontade de estar junto 24horas e esquecer um pouco de mim pra viver pro recém-namorado. É estranho, eu, uma completa "egoísta" esquecendo de mim e desejando mais a outra pessoa do que a minha própria companhia.
Não concordo quando você diz que o casamento acaba com o amor. Acho que, nesse século hiper moderno, as pessoas são é fracas demais para casar e fazer com que este casamento dure a vida toda. O primeiro obstáculo, o primeiro porém, a primeira briga já é motivo para se falar de divórcio. O que falta, é coragem. Coragem de passar por cima, coragem de abrir mão do que se gosta.
Se a gente (esses adolescentes sonhadores e pré-adultos) não tivesse a cabeça tão fraca e o desejo de abraçar o mundo, conhecer todas as bocas, todos os lugares e ser egoísta, com certeza, casar seria o marco da vida, a felicidade suprema. E viveriamos felizes para sempre, como muitos avós e pais que tem algumas bodas comemoradas. JUNTOS.

fjunior disse...

são tantas as coisas que eu nem sei por onde começar... mas vamos lá... acho que existe muita ilusão e romantismo com em relação ao casamento, como ao namoro... parte das crises é por conta disso, desta desilusão, este romance com relação a tudo... no fim das contas viver é uma grande aventura... uma aventura insana e se nos privamos, por medo ou por capricho, de certos aspectos, somos candidatos a passar a vida em branco, dormindo no sofá da sala, de qualquer modo... o lance é dormir com o consentimento do outro...hehehehhehe

fjunior disse...

o mais engraçado é que vc já critica o casamento se desculpando, como se o teu destino já estivesse traçado e você soubesse bem... =P

Zaira Brilhante disse...

guriaaaaaaaaa concordo com várias coisas que vc falou!!! mas confesso que ultimamente, apesar de "encalhada" rs, tenho pensado nessa história de vida a dois... pq acho que se vc consegue aturar a pessoa apesar de todas essas coisas chatas que vc citou é pq tem que ser amor mesmo hehehehe Mas enfim, quanto ao casório em si, aquela papagaiada de festa, isso eu dispenso... perda de tempo e de $$$ total... mto melhor correr o mundo, fazer coisas mais animadas junto do que ficar três horas na igreja... aff
Mas enfim, dava pra escrever um testamento inteiro com td que eu penso sobre casamento... (incluindo aí a clássica citação nossa de cada dia, "que não seja eterno posto que é chama", mas infinito equanto durar hehehe) mas deixa pra outro momento!!! bjooo senhorita.. ps: quando voltar aqui será de londres!!! =)

Anônimo disse...

O problema em qualquer relacionamento é não querer ceder muito e querer que o outro faça isso sempre pra gente.

Também acho que o que acaba com o casamento não é bem a convivência, mas as pessoas pararem de se cativar como faziam na paquera e durante o namoro.

E tem outra: defeitos quase insuportáveis durante o namoro, ficam insuportáveis durante o casamento. Então, se quase não tem tolerância pra algo que um namorado faça, é bom pensar que isso vai incomodar 2X mais depois que casar com ele.

Chega! Falei muito...hehe...
Beijo!

*Mah* disse...

Eu não lí isso que você escreveu, mas o Yuzo leu e eu sei que é por isso que ele não quer casar comigo.
Sinta-se eternamente culpada por ter uma irmã solteirona com 15 gatos e 30 sobrinhos.